Uma equipa de investigadores vai desenvolver “soluções e novos mecanismos” para detetar os problemas relacionados com o sabor e odor da água potável. O objetivo é “tentar encontrar soluções” para os problemas e “ajudar a alterar as legislações europeias e nacionais”.
Uma equipa de investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) integram uma ação europeia que visa desenvolver “soluções e novos mecanismos” para detetar os problemas relacionados com o sabor e odor da água potável.
Em declarações à Lusa, Vítor Vasconcelos, presidente do centro de investigação sediado em Matosinhos, e um dos investigadores que integra o COST WaterTOP, explicou que o objetivo desta rede é “tentar encontrar soluções” para os problemas de odor e sabor da água e assim, “ajudar a alterar as legislações europeias e nacionais”.
“Muitas das vezes, a água da torneira tem um odor e sabor desagradável, e isso, está relacionado com algumas substâncias que são produzidas por bactérias e fungos”, explicou, adiantando que a transmissão destas substâncias para a água provoca vários “problemas” às entidades responsáveis pela gestão e tratamento das águas e aos consumidores.
“Tudo isto faz com que os tratamentos da água tenham de ser mais caros, porque tem de se utilizar metodologias mais avançadas e, também faz com que os consumidores se afastem do consumo da água da torneira e consumam água engarrafada o que tem naturalmente mais custos e, não faz muito sentido quando deveríamos ter uma água da torneira de qualidade”, sublinhou.
Nos próximos quatro anos, esta ação, que junta instituições científicas de 27 países europeus, vai por isso tentar resolver um problema que “não é novo” e que afeta a maioria dos países europeus, tanto os que se abastecem de águas de superfície, como é o caso de Portugal, como de águas de profundidade.
A ação WaterTOP vai dividir-se em quatro áreas e grupos de trabalho, sendo que o CIIMAR vai contribuir no tratamento das análises clínicas e na avaliação de risco.
Segundo Vitor Vasconcelos, o primeiro grupo de trabalho está encarregue de tratar das análises sensoriais, através da criação de um painel de provadores de água, e o segundo grupo vai procurar “encontrar métodos químicos mais avançados”, nomeadamente sensores de medição dos odores e sabores da água.
Por sua vez, o terceiro e quatro grupo de investigação vão, respetivamente, perceber se as moléculas existentes na água são ou não tóxicas para a saúde humana e trabalhar em técnicas de remoção dos odores e sabores, de modo a que as entidades que fazem o tratamento da água possam dispor de “metodologias mais avançadas, rápidas e baratas”.
À Lusa, Vitor Vasconcelos salientou ainda que um dos principais objetivos desta ação passa por fazer com que a população europeia “ganhe mais confiança no consumo de água” que é distribuída pelas empresas que fazem a captação e o tratamento da mesma.
“Nós queremos que os países que são abastecidos por água de superfície tenham menos problemas, fazendo com que o tratamento da água seja menor e que, o consumidor final pague menos por isso. Ao mesmo tempo, queremos evitar riscos para a saúde humana”, rematou.
ZAP // Lusa