Investigação revela substâncias perigosas em artigos de desporto

Alguns artigos de desporto podem ter substâncias prejudiciais para a saúde, sejam cancerígenas ou tóxicas para o sistema reprodutor, revelou uma investigação do projeto europeu “LIFE AskREACH” divulgado esta quinta-feira.

Através do projeto foram testados por um laboratório independente e acreditado 82 produtos adquiridos em 13 países europeus, um deles Portugal, e 20 deles continham substâncias que suscitam preocupação, metade deles com elevado teor dessas substâncias, noticiou a agência Lusa.

Segundo informou esta quinta-feira a associação ambientalista Zero, parceira do projeto, foram testados produtos como bolas de ginástica, tapetes para yoga, utensílios de natação, calçado de ginástica ou garrafas desportivas, entre outros. Foi avaliada a presença de materiais como plastificantes, retardadores de chama, metais pesados ou alquilfenóis (composto orgânico da família dos fenóis) em artigos de plástico flexível.

No comunicado, a Zero recordou que quando a percentagem daquelas substâncias é superior a 0,1% tal obriga o produtor e o retalhista a informar os consumidores sobre a sua presença, caso estes solicitem tal informação.

“Contudo, nenhuma das empresas que produziram estes produtos respondeu ao pedido de informação enviado sobre a presença destas substâncias”, disse a Zero, lembrando que segundo o regulamento REACH (Registo, Avaliação e Autorização de Substâncias Químicas) as empresas são obrigadas a disponibilizar a informação (nos casos de mais de 0,1%) se o consumidor a pedir e têm 45 dias para o fazer.

Em concreto, de acordo com a análise, foi detetada a presença de dois plastificantes que estão restringidos na União Europeia (UE) desde julho de 2020 por serem tóxicos para a reprodução e interferirem com o sistema hormonal. Explica-se no comunicado que concentrações desses produtos superiores a 0,1% não estão autorizadas no mercado europeu, mas uma bola de pilates tinha uma concentração de 41% e uma overball (também para aulas de pilates) uma concentração de 35%.

sean dreilinger / Flickr

Uma corda de exercício continha uma concentração de 2,6% de parafinas cloradas de cadeia curta, que não podem estar presentes em produtos em concentração acima de 0,15%, acrescentou a Lusa.

“Os resultados dos testes demonstram a dificuldade de implementar a estratégia da UE de solicitar às empresas que voluntariamente deixem de utilizar estas substâncias em artigos. Esta abordagem tem como resultado que plastificantes que são tóxicos para a reprodução, parafinas que são persistentes e retardadores de chama que são cancerígenos ainda circulem em artigos de uso quotidiano”, alertou-se no documento.

Considerou-se também urgente melhorar a implementação do sistema REACH, para garantir melhor conhecimento sobre a presença de substâncias perigosas nos produtos.

O projeto “LIFE AskREACH” é um consórcio de 20 parceiros de 13 Estados membros da União Europeia de promoção dos direitos dos consumidores à informação sobre substâncias químicas em artigos que compram. Tem uma aplicação (Scan4Chem) para facilitar a comunicação entre consumidores e empresas.

No comunicado a associação Zero recomendou aos consumidores que evitem artigos de plástico, especialmente PVC flexível ou artigos escuros de baixo custo feitos de plástico rígido, e procurem rótulos ecológicos.

// Lusa

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