Investidor de topo da Tesla quer saída do “divisivo” Musk

Allison Robbert / EPA

Elon Musk

“A reputação da empresa foi destruída por Elon Musk”, diz Ross Gerber, um dos primeiros gestores a investir na Tesla. “O negócio foi negligenciado” e saiu a perder em várias frentes.

Um dos primeiros investidores na Tesla apelou esta quarta-feira à demissão de Elon Musk do cargo de CEO da empresa, que enfrenta nesta altura uma “crise”, admite o gestor Ross Gerber— as ações caíram mais de 40% desde janeiro, e o valor de mercado da empresa caiu mais de 800 mil milhões de dólares (cerca de 739 mil milhões de euros) desde dezembro.

Para Gerber, cuja empresa de gestão de fortunas detém atualmente cerca de 260 mil ações da Tesla no valor de cerca de 105 milhões de dólares (cerca de 97 milhões de euros), segundo a LBC, o motivo do pedido é simples: “a reputação da empresa foi destruída por Elon Musk”.

O problema do investidor com o CEO que agora faz política é o que já se esperava: a perda de foco na empresa e a nova prioridade do bilionário, que tem tido um papel cada vez mais relevante na administração do presidente dos EUA, Donald Trump.

“Acho que a Tesla precisa de um novo diretor executivo e decidi que ia começar a dizê-lo”, confessou Gerber à Sky News, argumentando que o envolvimento de Musk na política o tornou “divisivo” e o distraiu das operações cada vez mais fundamentais na Tesla.

“Está na altura de alguém gerir a Tesla. O negócio foi negligenciado durante demasiado tempo. Há demasiadas coisas importantes que a Tesla está a fazer”, explicou o investidor, que fez o que se pode entender como um ultimato ao magnata.

“Ou Elon volta para a Tesla e é o CEO da Tesla e desiste dos seus outros empregos ou concentra-se no governo e continuara fazer o que está a fazer, mas que encontre um CEO adequado para a Tesla”, avisou, em alusão ao papel de Musk como líder do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) criado por Trump e através do qual o bilionário está a efetuar cortes profundos em vários órgãos e instituições federais.

Os últimos tempos não têm sido fáceis para a Tesla, e as dificuldades fizeram Gerber vender parte das suas ações nos últimos meses, confessa o próprio, especialmente após a queda a pique na Europa, onde as vendas desceram para mais de metade em fevereiro — uma queda impulsionada, em parte, pelos atos de Musk e as suas ligações à extrema-direita, mas também pela crescente concorrência dos fabricantes chineses de veículos elétricos, mais baratos, e pelo potencial aumento dos custos, fruto das políticas comerciais de Trump.

“As vendas estão a cair a pique, por isso, sim, é uma crise”, admite o acionista: “não se pode vender o melhor produto do mercado porque o CEO é muito divisivo“. E não esqueceu a compra do X, que também contribui para a “mancha” na reputação da Tesla.

Tomás Guimarães, ZAP //

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