Allison Robbert / EPA
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Elon Musk
Houve uma demissão em bloco no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) de Elon Musk, que está a implementar duros cortes na Função Pública dos EUA. 21 funcionários saíram em protesto.
A demissão colectiva destes 21 funcionários ocorreu nesta terça-feira, 25 de Fevereiro. As saídas representam cerca de um terço do pessoal do DOGE, cuja principal função é cortar nas despesas públicas da administração federal.
“Não usaremos as nossas capacidades como técnicos para comprometer os principais sistemas governamentais, colocar em risco dados confidenciais dos americanos, ou desmantelar serviços públicos essenciais“, referem os 21 trabalhadores na carta de demissão que é citada pela ABC News.
“Não emprestaremos a nossa experiência para executar ou legitimar as acções do DOGE“, salientam ainda.
Estes funcionários começaram a trabalhar com a equipa de Musk há cerca de dez dias. Estavam alocados ao Serviço Digital dos Estados Unidos (USDS), antes de terem sido integrados no DOGE, quando este foi criado com a nova administração Trump.
O USDS tinha como objetivo melhorar os serviços digitais do Governo norte-americano, e existia desde 2014.
“Fizemos um juramento de servir o povo americano e de manter o nosso juramento em todas as administrações”, mas “tornou-se claro que já não podemos honrar estes compromissos”, destacam os funcionários demissionários.
Musk desvaloriza demissões e diz que eram “políticos democratas”
Elon Musk já falou sobre estas demissões na sua rede social, o X, antigo Twitter, alegando que os 21 funcionários eram “políticos democratas que se recusaram a regressar ao cargo“, conforme cita a ABC News.
“Teriam sido despedidos se não tivessem renunciado”, assegurou ainda.
No DOGE, Musk tem um grupo de funcionários fiéis, alguns dos quais vieram das suas empresas, incluindo jovens acabados de sair do Secundário, ou da Universidade.
O multimilionário é o líder não oficial do DOGE, e a Casa Branca não revela quem lidera, efectivamente, este Departamento, insistindo que não é Musk e que este tem um estatuto de “funcionário especial” na administração de Trump.
Transição caótica
Na carta de demissão, os 21 funcionários falam ainda de uma transição caótica, citando datas concretas.
Assim, descrevem que um dia depois da tomada de posse de Trump, a 21 de Janeiro passado, houve “entrevistas de quinze minutos com indivíduos que usavam crachás de visitantes da Casa Branca”.
“Vários recusaram-se a identificarem-se, questionaram-nos sobre lealdades políticas, tentaram colocar-nos uns contra os outros, e demonstraram as suas limitadas capacidades técnicas”, sublinham.
Depois, no dia 14 de Fevereiro passado, “um terço [da equipa] foi despedido de forma discricionária, através de um e-mail anónimo“, alegam também.
Estas saídas incluíram “funcionários públicos altamente qualificados que trabalharam para modernizar” a Segurança Social e a assistência médica, a resposta a catástrofes, a ajuda a estudantes e a redução de impostos.
“A sua remoção coloca milhões de americanos que dependem destes serviços todos os dias em risco“, alertam ainda.
“As acções do DOGE — despedir especialistas técnicos, lidar incorrectamente com dados confidenciais e quebrar sistemas críticos — contradizem a sua missão declarada de ‘modernizar a tecnologia e o software federais para maximizar a eficiência e a produtividade governamentais'”, refere, por fim, a carta dos funcionários demissionários.