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Instagram bloqueado na Rússia: “Era a minha vida. Não sei como vou ter dinheiro agora”

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Reacções de vários profissionais que praticamente dependiam dessa rede social, no seu negócio: “Vamos perder 90% do nosso público”.

O Instagram foi bloqueado na Rússia, nesta segunda-feira. A decisão partiu do Roskomnadzor – Serviço Federal de Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Meios de Comunicação de Massa.

Os responsáveis pelo Roskomnadzor alegam que o Instagram foi bloqueado porque está repleto de “apelos a acções violentas contra cidadãos e militares russos” – na semana passada a Meta, detentora de Instagram e Facebook, avisou que iria aliviar as regras sobre conteúdos violentos ou mensagens de ódio contra o Exército e dirigentes russos.

O procurador-geral da Rússia pediu que a Meta, empresa que detém o Instagram, seja colocada na lista negra de organizações, sendo classificada como “organização extremista”.

O portal Meduza recolheu reacções de vários russos, que moram em diversas cidades. E há quem tenha o negócio completamente estragado por causa deste bloqueio.

Zoya é especialista em tatuagens: “O Instagram era a minha principal página profissional. Publicava fotografias do meu trabalho e era através dessa rede que conseguia a maioria dos meus clientes. Vou perder dinheiro e contactos“.

Ekaterina, directora de marketing, não tem muitas ilusões: “Gastámos anos a conseguir chegar ao nosso público no Instagram, que tem crescido muito. Mas, agora, vamos perder para sempre 90 por cento desse público“.

Uma especialista em marketing nas redes sociais, Liza, não acreditava que o Instagram iria ser mesmo bloqueado: “Agora vou ter de encontrar novas soluções para os meus clientes, noutras redes sociais. Preciso de reconstruir completamente a imagem das empresas, reaprender os públicos e o alcance das publicações. Bloquear o Instagram anula completamente os meus sete anos de experiência profissional”.

Alexey é proprietário de uma estância turística e também não tem dúvidas: “92% dos nossos clientes vinham do Instagram. Tínhamos sempre lotação esgotada, mesmo em dias de semana. Agora não vamos conseguir nenhum cliente, aparentemente. Estamos vazios“.

O contexto da fotógrafa Nastya parece ser ainda mais delicado: “O Instagram é a minha vida inteira, mesmo a nível financeiro. E dele dependem as pessoas de quem cuido. Não sei como vou cuidar deles agora, sem o meu blogue. Estou a tentar não pensar nisso, nestes dias”.

Inna, guia turístico, admite que a proibição do Instagram é sinónimo de perda do salário: “Isto destrói os meus cinco anos de trabalho duro. É um golpe terrível”.

Os relatos de vida profissional arruinada repetem-se ao longo do artigo. Pessoas choraram, outras não sabem o que vão fazer agora. E uma proprietária de um abrigo para animais até classifica esta decisão como uma “crise humanitária”.

Também há três relatos diferentes, que deixamos para o final.

Um é de Nastya, que conta que há 10 anos um homem viu uma fotografia sua no Instagram e ficou interessado – hoje esse homem é o seu marido.

Outro é de Viktor, reformado, que não será afectado porque nem tem conta no Instagram. Mas sente-se aborrecido devido a tantos bloqueios na Rússia: “Acho que, um dia, a Rússia será livre!“.

Por fim, a confissão de Anton, programador informático: “Duvido de que o Meduza publique isto: eu utilizava muito o Instagram e considerava a rede um sítio importante para socializar e ler as notícias mais recentes; mas, a partir do momento em que mudaram as regras sobre mensagens de ódio contra os russos, passei a ser a favor da proibição do Instagram”.

Muitos russos têm agora tentado angariar seguidores no Telegram e no VKontakte (o Facebook da Rússia).

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

3 Comments

  1. O mau exemplo partiu da UE e Estados Unidos e não deve ser esquecido que ainda a guerra estava no início, mas tanto o Canadá, como a Alemanha e a Grã-Bretanha, já tinham bloqueado as informações originárias da Rússia.

  2. La se vão as fotos dos rabiosques e dos decotes ousados enquanto tomam o pequeno almoço nas Maldivas… É a vida, não tenho pena nenhuma destas (maioritariamente) narcisistas.

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