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Há influencers a dizer que o protetor solar causa cancro

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Está na moda o sentimento anti-protetor solar propagado por influencers de bem-estar e celebridades que defendem os “poderes curativos naturais do Sol” ou que promovem receitas caseiras de protetor solar.

Circulam nas redes sociais alegações e teorias da conspiração que sustentam que os protetores solares causam cancro e que fazem parte de uma conspiração da indústria farmacêutica.

A recolha de certos protetores solares em spray devido à contaminação com benzeno, um conhecido agente cancerígeno, ajudou a alimentar o ceticismo e as teorias das conspirações.

Algumas pessoas manifestaram a sua preocupação com a aplicação de produtos químicos potencialmente nocivos na pele, o que levou à disseminação de informações erradas sobre a segurança dos protetores solares, noticia o jornal norte-americano Wall Street Journal.

Os influencers de bem-estar que defendem os poderes curativos naturais do Sol ou que promovem receitas caseiras de protetor solar também contribuíram para o problema.

“Usa protetor solar?”, lê-se na legenda de um vídeo, com mais de um milhão de visualizações no X. “Não”, responde a mulher. Aparece então uma nova legenda: “Não há provas de que o sol causa cancro“.

Num outro vídeo, uma influencer que diz que nunca usou nem nunca usará protetor solar sustenta que “culpamos o sol pelo cancro quando devíamos culpar as nossas dietas. Mas se limpássemos as nossas dietas, como é que a Big Food e a Big Pharma ganhariam o seu dinheiro? Não sejas um peão”.

Estes influencers estão errados. Há provas de que a exposição à radiação UV causa cancro. Ao longo de décadas, inúmeros estudos científicos recolheram evidências sólidas de uma ligação direta de casos de cancro de pele à exposição excessiva ao sol sem proteção, principal causa de melanoma.

Os dermatologistas sublinham que o protetor solar é crucial para proteger a pele da radiação ultravioleta (UV) nociva, que pode causar queimaduras solares, cancro da pele e envelhecimento prematuro.

Michelle Wong, uma química cosmética conhecida por desmistificar os mitos sobre os protetores solares, salienta o desafio de navegar nas listas de ingredientes destes produtos, que podem parecer intimidantes e suspeitas para os consumidores.

Esta confusão leva frequentemente a receios infundados sobre a sua segurança.

Apesar dos benefícios comprovados do protetor solar, continuam a circular ideias erradas acerca dos benefícios de certos “tratamentos naturais”.

Um inquérito do Orlando Health Cancer Institute revelou crenças generalizadas de que beber água ou evitar o protetor solar pode evitar queimaduras solares, perpetuadas por celebridades como a atriz Kristin Cavallari ou o ex-jogador de futebol americano Tom Brady.

No entanto, os especialistas em saúde pública sublinham que estas práticas não oferecem uma proteção adequada contra a radiação UV.

Embora a absorção do protetor solar pela corrente sanguínea tenha suscitado preocupações, os dermatologistas asseguram que os benefícios do protetor solar ultrapassam de longe quaisquer riscos potenciais.

Para os indivíduos com tons de pele mais escuros, o protetor solar é essencial para prevenir os sinais de envelhecimento, apesar de o risco de cancro da pele ser menor.

A FDA classifica os protetores solares como medicamentos não sujeitos a receita médica e continua a monitorizar a sua segurança. Apesar das preocupações com ingredientes como a oxibenzona, os estudos demonstraram uma absorção mínima e nenhuma evidência de danos em humanos.

Pelo contrário, a exposição a radiação UV sem proteção causa dano imediato, inegável e visível — todos já apanhámos um escaldão — e danos a longo prazo, com aumento do risco de incidência de cancro da pele.

Mas “desmistificar mitos tornou-se um trabalho a tempo inteiro”, diz Michelle Wong.

ZAP //

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