/

Na Índia, ser-se rico ou pobre pode fazer a diferença no acesso à vacina

4

A Índia enfrenta uma grave escassez de vacinas contra a covid-19. Até ao momento, só 2,5% da população recebeu ambas as doses, enquanto 10% recebeu uma.

Na Índia, as pessoas que vivem em cidades com fácil acesso à Internet têm de se inscrever para serem inoculadas, enquanto quem mora em aldeias e em locais com pouco ou nenhum acesso à rede deve dirigir-se a um posto de saúde governamental para se inscrever online e receber a vacina de imediato.

No entanto, este plano de vacinação não funcionou. Alguns indianos que vivem nas cidades conduziram longas distâncias para serem vacinados em aldeias, negando as doses aos moradores mais pobres.

Segundo a Vice, o site do Governo e a aplicação, desenhada especificamente para uma das maiores campanhas de vacinação do mundo, não conseguiram acompanhar os milhões de inscritos vindos das cidades.

Além disso, o país enfrenta uma grave escassez de vacinas. Quando a Índia deu início à campanha de vacinação, no início de abril, administrava um recorde de 3,5 milhões de vacinas por dia. Na semana passada, esse número foi reduzido para 1,3 milhões.

“O fornecimento de vacinas permaneceu quase o mesmo desde o início da campanha, mas a população-alvo elegível triplicou”, justificou Chandrakant Lahariya, especialista em políticas da saúde, à Associated Press. “No início, a Índia tinha muito mais oferta garantida do que procura, mas agora a situação inverteu-se.”

“Injustiça social criada pela exclusão digital”

“Recebi algumas reclamações de áreas rurais de que pessoas com experiência em tecnologia nas cidades estão a inserir os códigos PIN rurais para se registarem para a vacinação contra a covid-19”, disse Rajesh Tope, ministro de Saúde Pública e Bem-Estar Familiar do estado de Maharashtra, em comunicado.

É uma injustiça para com a população rural que está a ser privada da oportunidade de ser vacinada. As pessoas da cidade não deveriam fazer isso. Não há necessidade de entrar em pânico com o fornecimento limitado de doses”, acrescentou o responsável, apesar de não ter apresentado qualquer solução para o problema.

À Vice, um profissional dos media, que não quis ser identificado, disse que, em Mumbai, as pessoas estão a publicar nas redes sociais “como se conseguir uma vaga para a toma da vacina fosse como reservar bilhetes para um festival de cinema”. A situação “destaca a injustiça social criada pela exclusão digital“, disse.

De acordo com dados do Governo indiano, metade da população não tem acesso à Internet e, mesmo aqueles que têm acesso, não sabem como usar os serviços digitais.

“Pessoas financeiramente abastadas como nós estão a ter acesso às vacinas mesmo quando podemos trabalhar em casa”, disse Sahil Khan, um designer que vive em Pune. “Mas há pessoas que não sabem como ter acesso à vacina mesmo quando mais precisam.”

Liliana Malainho, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

4 Comments

  1. Segundo dizem o maior produtor de vacinas, mas coitados são pobres e elas saem das fábricas a caminho de povos mais ricos, exploração humana sob a capa da globalização!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.