Imunidade natural “poderia ter consequências catastróficas”

José Coelho / Lusa

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães

Para Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos (OM), esta seria a “pior altura para tentar que a imunidade natural funcionasse”. A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, defende que a estratégia comporta riscos individuais e para os serviços de saúde.

Miguel Guimarães considera que tentar a imunidade natural nesta altura, “a pior para o fazer”, poderia ter “consequências catastróficas”, criando uma “elevada pressão sobre os serviços de saúde”.

Em entrevista à CNN Portugal, o bastonário da Ordem dos Médicos justificou a sua opinião com o facto de o vírus da covid-19 ter “uma grande atividade” durante o inverno. “Esta seria sempre a pior altura para tentar que a imunidade natural funcionasse.”

“Este é o momento de nos protegermos e de vacinar pessoas”, disse, salientando que há ainda “480 mil pessoas com 65 anos ou mais que ainda não foram vacinadas [com a terceira dose], cerca de metade das quais com mais de 70 anos”.

“São pessoas frágeis e que podem morrer” na sequência da infeção.

Também esta quinta-feira, a diretora-geral da Saúde defendeu que a estratégia de imunização natural comporta um risco de pressão sobre os serviços de saúde e um “risco individual” porque há casos que têm “um desfecho menos favorável”.

Questionada se este é o caminho a seguir, Graça Freitas afirmou que, neste momento, as autoridades mantêm a estratégia de “reforçar as medidas todas que impeçam a transmissão do vírus”, nomeadamente o distanciamento físico, o uso da máscara, a higienização das mãos, bem como a vacinação, a testagem e o arejamento dos espaços.

Para a responsável, a estratégia de imunização natural tem “dois riscos”, sendo o primeiro o número de pessoas doentes ao mesmo tempo.

“Apesar da doença ser pouco grave, se tivermos muitas pessoas ao mesmo tempo infetadas isso vai impactar nos serviços de saúde, quer a gente queira, quer não”, alertou.

Por outro lado, o risco de a pessoa ter “um internamento ou um desfecho grave não é zero”.

“Obviamente, há grupos mais vulneráveis que outros, mas há pessoas aparentemente saudáveis que podem também ter uma evolução negativa e infeção natural comporta esse risco”, sustentou.

Graça Freitas explicou que, enquanto a vacinação é um processo de imunização controlado, “com pouquíssimas reações adversas” e que não leva ao internamento, nem à morte, a doença natural comporta esse risco.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) decidiu, esta quinta-feira, encurtar o período de isolamento de pessoas infetadas com covid-19 assintomáticas e dos contactos de risco.

Assim sendo, quem tem covid-19 sem qualquer sintoma ou teve um contacto de risco com o vírus vai ficar isolado durante sete dias, em vez dos dez em vigor.

ZAP // Lusa

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