Em 1996, o procurador de Leeds, no Reino Unido, utilizou pela primeira vez a impressão de uma orelha para acusar Mark Dallagher do assassinato de uma mulher idosa.
O advogado defendeu que a impressão tinha ficado na janela do domicílio da vítima enquanto o delinquente ouvia o que estava a acontecer dentro da casa.
Desde então, foram muitos os que acabaram atrás das grades por cometer um ato criminoso, enquanto inocentemente apoiavam as cabeças no lintel de uma porta ou no alvo de uma espingarda. Lá, deixaram a marca de identificação que permitia aos investigadores facilitar a sua detenção.
Todos conhecemos os métodos mais comuns de identificação usados pelos órgãos de segurança do Estado, como a impressão digital, a palmar ou a plantar, ou aqueles que emergiram com as novas tecnologias, como as características da íris, o estudo de ADN ou o reconhecimento da voz.
De acordo com a ABC, não é tão popular para o público em geral analisar os vestígios da impressão auricular, que é conhecido pelo neologismo do otograma.
Este tipo de estudo de identificação baseia-se no facto de que a impressão auricular é uma das características mais confiáveis no reconhecimento biométrico e que, ao contrário das impressões digitais, quase não há mudanças ao longo da vida de uma pessoa.
O pavilhão auricular é constituído por um esqueleto cartilaginoso, que se dobra sobre si mesmo formando relevos e depressões, que como um todo configuram ao pavilhão uma forma característica. Do ponto de vista jurídico, o que interessa saber são aquelas regiões anatómicas mais proeminentes e que são postas em contacto com uma determinada superfície: hélice, antehélix, andorinha e antitrago.
A análise do todo faz com que o ouvido se transforme num cartão de visita universal, já que a sua anatomia lhe confere algumas características muito interessantes: individualidade, enorme durabilidade e aceitabilidade em áreas judiciais.
Apesar de tudo, do ponto de vista médico forense, o ouvido ainda permanece uma parte do corpo subutilizado no reconhecimento de uma pessoa. A sua descoberta é muito antiga e remonta ao século XIX.
Foi o antropólogo francês Alphonse Bertillon que considerou que o ouvido era um dos elementos mais importantes na descrição de uma pessoa. Este cientista afirmou abertamente que é quase impossível encontrar dois ouvidos idênticos em todas as suas partes. Baseando-se nessa premissa, em 1964, o polícia Alfred Víctor Iannarelli, da Califórnia, apresentou um novo sistema, denominado Earology, afirmando que o ouvido humano, juntamente com a impressão digital, era um dos melhores meios para identificar um indivíduo.
Desde então, o avanço nesse campo tem sido espetacular: a polícia científica não tem apenas um sistema estatístico, mas também uma nomenclatura dos pontos do ouvido.