Numa altura em que vacina contra a covid-19 e a vacina contra a gripe estão a ser administradas em simultâneo aos maiores de 80 anos, são muitas as faltas assinaladas. Dificuldade em ler e responder a mensagens de telemóvel é uma das causas.
Além das dificuldades em lidar com as novas tecnologias, uma das razões que tem impedido os idosos de se deslocarem até aos locais de vacinação são as longas distâncias entre as suas residências e estes pontos, refere o Jornal de Notícias.
A taxa de resposta às convocatórias por SMS para vacinação em simultâneo, em curso para os maiores de 80 anos, está na ordem dos 60%. Os dados são avançados ao jornal por Diogo Urjais, presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN).
“Temos uma elevada taxa de faltas. Estamos a vacinar a 60% do que devíamos. Estão 40% a faltar, ou mais. Estamos atrasados”, refere.
O responsável sublinha que “muitas nem são faltas, porque as pessoas não sabem ler as mensagens, não sabem responder, não têm apoio, não têm transportes, com alguns locais de vacinação a 20/30 quilómetros de distância”, adianta. Um problema para o qual a USF-AN havia já alertado, defendendo o agendamento local e uma maior proximidade no processo.
Com estes entraves, Diogo Urjais frisa que o “processo de vacinação está aquém do esperado e do planeado” e a meta de vacinar 80 mil pessoas por dia não tem sido alcançável.
O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar APMGF, Nuno Jacinto, identifica, ainda, um outro problema: a vacinação contra a gripe dos recuperados de covid-19.
Isto porque, explica ao JN, a convocatória está a ser feita apenas para os elegíveis para reforço contra a covid-19 e gripe. Deixando de fora população idosa que já contraiu SARS-CoV-2 e que, por isso, atualmente, não é elegível para reforço contra a covid-19, apenas para a gripe.
Tendo em conta todos estes condicionamentos, o JN pediu esclarecimentos à DGS, mas não obteve nenhuma resposta.