Uma equipa de cientistas usou a plataforma de Inteligência Artificial Midjourney para recriar o rosto de Cristo.
Depois de em 2018 uma equipa de uma equipa de cientistas da Universidade de Pádua, ter criado “uma cópia exata em 3D” do que poderá ter sido o corpo de Jesus, foi agora a vez de a IA ser chamada a interpretar a aparência de Cristo.
“Se o Sudário de Turim é real, a Inteligência Artificial diz que Jesus teria este aspeto”, dis o autor e apresentador de rádio Michael L. Brown num post no seu perfil do X- Twitter.
A imagem, criada pela plataforma de Inteligência Artificial Midjourney, mostra um homem de cabelos compridos e barba, com os olhos abertos, a olhar em frente, e a parte superior do seu tronco.
Nos comentários ao post do radialista, as opiniões dividem-se entre os que aplaudem o trabalho artístico da IA e os que questionam a semelhança da imagem produzida com “a verdadeira face de Cristo, tal como descrita na Bíblia” — bem secundados, naturalmente, pelos que questionam a própria veracidade do Sudário.
If the Shroud of Turin is real, AI claims that Jesus looked like this. pic.twitter.com/b1cOCx4MiN
— Dr. Michael L. Brown (@DrMichaelLBrown) September 26, 2023
Embora a autenticidade do Sudário de Turim seja tema de grande controvérsia, o pano alegadamente cobriu Jesus Cristo após a sua morte ainda é uma das relíquias cristãs mais estudadas de sempre.
Inúmeros objetos religiosos são conhecidos como peças autênticas da história religiosa. Contudo, por ser tão difícil verificar a sua autenticidade, estes permaneceram fora do alcance da ciência.
Há uma exceção: precisamente o Sudário de Turim, que tem sido alvo de um crescente escrutínio.
O lençol retangular, com cerca de 4 metros de comprimento e 1 metro de largura, é tido como o pano que envolveu o corpo de Jesus depois da sua morte.
Os defensores da sua autenticidade salientam como evidência a impressão de uma imagem de um homem nu com as mãos a cobrir as virilhas e as visíveis manchas de sangue em locais que correspondem à posição das “chagas” de Cristo.
O Sudário apareceu pela primeira vez no registo histórico no século XIV, e já nessa altura foi controverso. Uma das primeiras menções registadas do Sudário está numa carta de um bispo francês ao papa, que o denuncia como uma falsificação.
Alguns dos primeiros estudos do Sudário foram feitos por um anatomista francês chamado Yves Delage no início do século XX.
No entanto, o objeto só foi observado cientificamente nos anos 70. Na altura, um grupo de investigadores do Projeto de Pesquisa do Sudário de Torino (STURP) começou a pesquisa, e nela estavam presentes químicos, físicos e cientistas de várias instituições governamentais dos Estados Unidos.
Ainda assim, o grupo tinha algumas lacunas notáveis de conhecimento pois não estavam presentes arqueólogos, que podiam ser fundamentais para o estudo.
As conclusões da equipa, publicadas em 1981, sugeriam que as origens do Sudário estavam bastante além da compreensão da ciência. “Não existem métodos químicos ou físicos conhecidos que possam explicar a totalidade da imagem, nem qualquer combinação de circunstâncias físicas, químicas, biológicas ou médicas que possa explicar a imagem de forma adequada”, escreveram os autores.
Em 2019, uma equipa de cientistas encontrou evidências de que foram retiradas conclusões erradas na primeira investigação ao Sudário de Turim, que o datou na Idade Média.
Antes, em 2018, os resultados de um estudo com técnicas forenses atuais sugeriram que as manchas de sangue da relíquia são completamente irrealistas, apoiando o argumento de o Santo Sudário é mesmo falso.
Mas, ainda assim, o mistério da sua autenticidade permanece.