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A primeira datação do Sudário de Turim pode estar errada

Uma equipa de cientistas, que contou com especialistas italianos e franceses, encontrou evidências de que foram retiradas conclusões erradas na primeira investigação ao Sudário de Turim, que o datou na Idade Média.

Tal como explica a nova investigação, cujos resultados foram esta semana publicados na revista científica Archaeometry, os cientistas estudaram ao longo de dois anos dados anteriores sobre o Santo Sudário, que se acredita ter sido o pano utilizado para cobrir o corpo de Cristo após a crucifixação, para chegar a esta conclusão.

A primeira investigação, que remonta a 1988, foi levada a cabo por três instituições que obtiveram a autorização do Vaticano para analisar partes individuais do Sudário, entre as quais, a Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, o Instituto Federal de Tecnologia na Suíça e a Universidade de Oxford, no Reino Unido. Os resultados deste estudo foram publicados na revista científica Nature em 1989.

Na época, todas as equipas dataram os fragmentos analisados entre 1260 e 1390, durante a Idade Média, mais de dez séculos depois do período em que Cristo viveu. Apesar dos resultados, muitos continuaram a defender que a autenticidade do tecido.

O Vaticano proibiu depois que outros cientistas tivessem acesso aos dados sobre o Sudário. Para a nova investigação, a equipa de especialistas franceses e italianos teve que processar a Universidade de Oxford para ter acesso às informações – e venceu.

Depois de as analisar, a equipa anunciou que o estudo de 1988 tinha falhas, uma vez que as equipas autorizadas pelo Vaticano apenas analisaram algumas partes das bordas da mortalha fúnebre, e não todo o tecido do Sudário.

Os cientistas que conduziram a nova investigação acreditam que as bordas do tecido tenham sido adulteradas por freiras durante a Idade Média, que tentavam arranjar os danos causados no tecido ao longo dos tempos.

Segundo o líder da investigação, Tristan Casabianca, os dados de 1988 mostraram que as amostras analisadas eram heterogéneas, invalidando os resultados iniciais. Por isso, defende, o procedimento deve ser repetido para datar com certeza o Sudário de Turim.

Para que uma nova investigação seja conduzida, é necessário que o Vaticano o permita, uma vez que detém o Sudário de Turim desde o início da década de 80. Entre o século XIV até 1983, a relíquia pertenceu à Casa de Savoia, importante família da nobreza italiana baseada na cidade de Turim, que depois decidiu doá-la ao Vaticano.

Foi descoberto em meados do século XIV na igreja de Nossa Senhora, perto de Troyes, em França. Está guardado na Catedral de Turim, em Itália, desde o século XIV.

A Santa Sé nunca se pronunciou sobre a autenticidade da relíquia, defendendo que a resposta deve ser uma decisão pessoal do fiel. A peça raramente é exibida em público. A última exposição foi em 2010, ano em que atraiu cerca de 2 milhões de visitantes.

ZAP //

 

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