Polémica e inquérito aberto pelo MP em Viseu. Idoso com sinais de confusão mental terá sido obrigado a abandonar hospital, que o enviou para casa num táxi, sozinho e sem meias, obrigando-o a pagar a tarifa.
Um homem de 86 anos com mobilidade reduzida (necessita de cadeira de rodas) e sinais de confusão mental foi enviado sozinho para casa de táxi pelo Hospital de São Teotónio, em Viseu.
O idoso recebeu alta hospitalar após observação prolongada. A filha foi informada por uma enfermeira que o transporte precisava de ser assegurado imediatamente, apesar de já ser tarde e de a residência do idoso ficar a 50 quilómetros do hospital. Tudo se passou no dia 6 de novembro, quase às dez horas da noite, avança o Público esta segunda-feira.
Dado o frágil estado de saúde do pai e a longa distância, a filha tentou recorrer aos bombeiros, mas estes só estariam disponíveis para realizar o transporte na manhã seguinte, pelas 08h00. A enfermeira insistiu na saída imediata do paciente, afirmando que o idoso poderia ser transportado de táxi e que ele próprio teria concordado com essa opção.
“Está a dizer-me que não quer vir buscar o seu pai? Está a dizer-me que vai abandonar o seu pai? Há aqui imensos táxis! Ele pode ir de táxi! Ele está a dizer-me que quer ir de táxi! Se eu lhe tivesse ligado às três horas da manhã até percebia, agora, são 21 horas e nós precisamos de camas disponíveis!”, terá dito a enfermeira, segundo a queixa que o Ministério Público (MP) já está a investigar.
A filha diz ter pedido que o hospital “não colocasse o seu pai num táxi desconhecido e que aguardasse alguns minutos, uma vez que iria contactar um taxista da sua confiança”.
Sem esperar mais, o hospital colocou o idoso num táxi e deixou a tarifa, no valor de 100 euros, ao seu encargo.
A filha ainda terá pedido “à enfermeira que desse o seu contacto telefónico ao taxista para que pudesse, dessa forma, acompanhar a viagem do pai, mas esta não o fez”.
A família do idoso acusa a instituição de exposição e abandono, alegando que o transporte foi feito sem condições adequadas, com custos elevados e sem garantia de segurança. Defende a família do idoso que a conta do táxi deveria ter sido coberta pelo hospital, já que a decisão de transporte imediato foi da instituição.
A família acusa ainda o hospital de ter enviado o idoso sem meias e sem roupa adequada para o frio — as temperaturas rondavam os 6.ºC.
“Encontrava-se sem meias, em pleno mês de Novembro, em Viseu, local onde as temperaturas mínimas rondam os seis graus”, lê-se na queixa citada pelo Público.
Além disso, o taxista, com 70 anos, não tinha a morada exata e acabou por pedir auxílio à GNR para encontrar o destino. Dois militares ajudaram o idoso a chegar a casa e a subir as escadas, uma tarefa considerada impossível para a filha e a esposa.
Hospital tem versão diferente
A Unidade Local de Saúde (ULS) de Viseu Dão-Lafões apresentou uma versão diferente dos acontecimentos. Segundo a instituição, o idoso esteve consciente e colaborante durante o tempo em que esteve no serviço de urgência, e a filha foi devidamente informada sobre o estado clínico e as condições de alta.
A ULS afirma que o transporte de táxi foi aprovado pela filha e defende que o ambiente familiar é preferível para a recuperação, de forma a evitar riscos como infeções hospitalares.
O caso já está sob investigação do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Viseu. O Ministério Público apurará se houve negligência e exposição a risco desnecessário por parte do hospital.
Isto esta cade vez pior. Desde quando um hospital faz este tipo de barbaridade???
Um ser humano, nem que fosse um cão, Não se tem este tipo de atitude.
É desumano. O profissional que teve este tipo de atitude tem de ser responsabilizado.