A sentirem-se perseguidos, a comunidade homossexual brasileira admitiu sair do pais. Desde a primeira volta nas presidenciais brasileiras, foram registados 50 casos de violência cometidos por apoiantes do candidato do PSL e 32 motivados por homofobia.
“Parece que o preconceito estava escondido no armário”, afirmou Filipe Marquezin, advogado de 32 anos que falou ao DN em relação à onda de violência contra homossexuais registada após serem revelados os resultados da primeira volta das presidenciais brasileiras na qual Jair Bolsonaro obteve 46% dos votos.
No total, a agência de jornalismo de investigação contabilizou 56 casos de violência até à meia noite de quarta-feira. Destes 56 casos, 50 estão conectados a apoiantes de Jair Bolsonaro e 32 tiveram motivações homofóbicas.
“O clima está a ficar muito complicado, são cada vez mais os relatos na internet de agressões, sempre sob a bandeira do candidato Bolsonaro“, diz o advogado, residente em São Paulo, na região sudeste – a que tem registado mais ataques.
“Não sabemos ao certo quanto tempo isso vai durar, tanto se ele perder, o que parece difícil, tanto se ele ganhar. Nota-se que muito mais pessoas se sentem à vontade para destilar o seu ódio e preconceito pelas ruas”, sublinhou.
Fundador de um clube desportivo virado para a comunidade LGBTQ+, Filipe Marquezin assume estar preocupado com os seus alunos e amigos que saem sozinhos dos treinos noturnos.
Marquezin conta ainda que tem assistido, cada vez mais, a amigos seus homossexuais afirmarem que ponderam emigrar caso o candidato do PSL vença.
“Não digo que haja um movimento nesse sentido mas as pessoas esporadicamente falam muito nisso”, revelou.
Casos de quem quer ou vai mesmo emigrar
Hemílio Casaletti, designer de 29 anos, é um desses casos. “Já estamos conversando com amigos e conhecidos que moram em Portugal para saber da possibilidade de emigrar caso ele ganhe”, contou ao DN.
“Os meus amigos daqui estão a pensar em vender os carros e a pedir as contas dos empregos e partir”, afirmou.
Casaletti diz ainda que “o medo de andar na rua sempre existiu mas agora com o discurso do Bolsonaro é muito maior. Os eleitores dele sentem-se legitimados a agir dessa maneira”.
“É sobre isso que nós vimos falando e as pessoas não entendem: o fascismo sempre existiu no Brasil, ele só estava escondido – por medo e pela falta de coragem que agora tem graças a esse candidato”, explicou o designer.
A viver em Ribeirão Preto, a 350 quilómetros a norte de São Paulo, o designer explicou ainda que “o medo tomou conta de todas as pessoas, basta usarem vermelho nas ruas, mas os homossexuais sentem-no mais ainda”.
Leonardo Gonçalves, turismólogo do Rio Janeiro de ascendência portuguesa diz que “em janeiro” já estará em Portugal.
“Os poucos parentes que tenho aqui votam em Bolsonaro. Se eu estava quase só, agora estou mesmo sozinho”, admitiu Leonardo.
O turismólogo, já com planos para viver em Portugal, assume que sempre achou estranho ouvir jovens brasileiros dizerem as mesmas coisas que os seus “tios de 80 anos do Minho”.
“A lógica é muito semelhante, uns aqui e os outros lá, lutam para que as coisas evoluam o menos possível, basta ver a faixa etária de quem apoia o Bolsonaro aqui e a faixa etária de quem apoia o Bolsonaro lá”, contou.
Para o turismólogo de 42 anos, “viver no Brasil com Bolsonaro é correr risco de vida” e “quem tem uma elite que pensa como a elite daqui, nem precisa de terroristas“.
Os ataques contra a comunidade LGBTQ+
Entre os ataques mais falados na imprensa nacional e internacional, está o caso de uma jovem de 19 anos, lésbica, agredida e marcada com traços de uma suástica na barriga. O caso aconteceu em Portalegre, a capital estadual mais ao sul do Brasil.
Isabela, transexual negra de 25 anos, contou que, em Belo Horizonte, foi puxada para dentro de um carro. Seguidamente foi espancada, cuspida e agredida com pontas de cigarros acessos.
Isabela recorda ainda o que os agressores lhe disseram: “Se ele ganhar vamos poder caçar mais macacos, traveco, não vamos te matar agora porque você ainda pode ter jeito mas se não tomar jeito vai morrer de sida”.
Em São Paulo, uma mulher que grafitava “#elenão” num muro foi detida pela polícia e posteriormente espancada e atirada nua para uma cela de prisão. Segundo contou, os agentes da polícia disseram-lhe que “enquanto não disse ‘ele sim’, não sai daqui”.
Violência generalizada
Apesar dos casos associados a apoiantes de Bolsonaro, a violência no Brasil não é incomum e exclusiva de quem apoia o PSL.
O próprio Jair Bolsonaro foi esfaqueado em Juiz de Fora, Minas Gerais, por um opositor e um grupo de manifestantes que vendiam camisolas do PSL foi atropelado por um professor universitário que era contra o candidato presidencial.
O caso do ataque que sofreu em Juiz de Fora é utilizado por Bolsonaro para se desmarcar os atos violentos que lhe são associados. O líder das sondagens brasileiras, que até tem o apoio da bolsa brasileira, disse dispensar “o voto e qualquer aproximação de quem pratica violência contra eleitores do adversário”.
Fernando Haddad, candidato do PT que disputará a 2ª volta com Bolsonaro diz que “é preciso conter a barbárie” e que se encontra a conversar “com todas as forças que a queiram combater” e que é necessário “colocar um fim nessa violência”
Os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) irão defrontar-se na segunda volta das eleições presidenciais brasileiras no dia 28 deste mês, após terem obtido 46% e 29% dos votos na 1ª volta.
Para além dos «vistos gold» que serão concedidos à «confraria mação/lava jato» o governo da GERICOnsa irá criar o «veado/fanchono»…
Há muita informação errada no artigo. Em nenhum lugar a mídia noticiou que houveram policiais torturando pessoas contrárias ao candidato do PSL. É olha que grande parte da mídia brasileira está sendo parcial há meses, pois o candidato não perdoará dívidas(impostos e empréstimos) das publicações.
Algumas coisas, infelizmente, aconteceram. Mas há coisas que não vi em nenhum lugar.
Não é houveram, é houve. O verbo haver, quando é sinónimo de existir, só se conjuga na 3ª pessoa do singular.
Ok. Pode ser …
Para o meio do oceano num barco sem fundo
E vao emigrar para cuba, vietname, venezuela, russia ou china?
Interessante, a comunidade LGBTS sempre informou que DIARIAMENTE mais de cinquenta gays são ameaçados ou agredidos no Brasil, se, conforme a matéria, em uma semana foram cinquenta agressões, quer dizer que a vantagem do Bolsonaro sobre os esquerdistas está diminuindo a violência e não aumentando.
Tem sim ameaça, tem discurso de ódio tem tudo que por milagre a mídia anda a noticiar mas as ameaças são reais porque o eleitor de Bolsanaro não gosta de ser contrariado, meninos mimados que não sabem o quê é não ou penso diferente de você.