Hipermercados vendem couves 14 vezes mais caras do que pagam aos agricultores

O Bloco de Esquerda denuncia os preços praticados pelos hipermercados na venda de legumes, nomeadamente couves, em especial durante o período entre o Natal e o Ano Novo, concluindo que, nalguns casos, foram vendidos a preços 14 vezes superiores aos pagos pelas grandes cadeias aos agricultores.

Os hipermercados “praticaram margens de lucro superiores a mil por cento entre o Natal e o Ano Novo”, denuncia o deputado do Bloco de Esquerda (BE), Ricardo Vicente, numa publicação no portal do partido, o Esquerda.net.

“Os produtores foram miseravelmente pagos e os consumidores pagaram caro”, destaca o deputado Ricardo Vicente, engenheiro agrónomo de formação, que comparou os preços de vários tipos de legumes, incluindo couves, courgetes, abóboras e alfaces, na Região Oeste.

Os preços relativos a uma única semana revelam uma “margem de lucro de 175% com a courgete”, de “316% com o lombardo”, de “421% com o repolho”, de “893% com a abóbora menina”, de “1222% com o brócolo”, de “1321% com a couve flor” e de “1817% com a alface”, salienta ainda Ricardo Vicente.

O deputado nota que o caso das alfaces é “o mais gritante”, pois é um produto que “custa 0,18 euros ao produtor e 3,45 euros ao consumidor”.

O BE questionou a ministra da Agricultura sobre este assunto e Maria do Céu Antunes respondeu que “o Governo se compromete a transpor uma directiva comunitária com algumas medidas relevantes até 1 de Maio, prazo limite estabelecido pela Comissão Europeia para o efeito”, revela Ricardo Vicente.

“Não adiantou nada sobre medidas concretas”, lamenta ainda o deputado, acusando o Governo de estar, “há dois anos, a atrasar esta transposição”. “O Bloco propôs que a mesma fosse concretizada com urgência há um ano e essa proposta foi chumbada”, acrescenta.

Ricardo Vicente nota ainda que “em tempos de pandemia, a agricultura não pára, mas precisa de mais do que elogios”.

“É preciso garantir justiça na formulação de preços, para que os agricultores possam viver do seu trabalho, em especial os mais pequenos e mais frágeis”, conclui.

Susana Valente, ZAP //

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