Mohamed Hossam / EPA

O ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Badr Abdelatty (D) com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi (E) na cimeira de emergência no Cairo
Centros comerciais, turistas e até um aeroporto. Tudo no prazo de 5 anos… e um investimento de 50 mil milhões de euros. ONU dá luz verde.
O Egito apresentou esta terça feira um extenso documento de 91 páginas: o projeto “Gaza 2030”.
“Com a ajuda dos seus irmãos palestinianos, o Egito trabalhou para criar um comité administrativo palestiniano de profissionais e tecnocratas independentes, que será encarregado de governar Gaza com a experiência dos seus membros”, disse o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi numa cimeira de emergência no Cairo.
O Hamas, portanto, fica de fora da governação do enclave, segundo a ótica do Egito. De acordo com a CNN, o plano será apresentado nos próximos dias aos EUA.
O documento propõe ainda que o Egito e a Jordânia formem forças policiais palestinianas, destacadas para proteger Gaza.
Segundo o The Guardian, António Guterres, secretário-Geral das Nações Unidas, já mostrou sua aprovação por uma iniciativa liderada pelos árabes para mobilizar apoio para a reconstrução da Faixa de Gaza.
O plano defende a vertente turística sustentada por Donald Trump, que afirmou no início de fevereiro que quer transformar Gaza na “Riviera do Médio Oriente”. Na semana passada, até publicou vídeos gerados por IA que representavam o futuro resort “Trump Gaza”.
Mas há uma diferença crucial entre os dois projetos para Gaza: o Egito, ao contrário dos EUA, nega a deslocação da população do enclave para outras regiões.
O Egito quer, num prazo de 5 anos, construir em Gaza centros comerciais, estâncias turísticas, um centro de convenções internacional e até um aeroporto, bem como um porto marítimo e zonas industriais. O custo estimado do projeto são 53 mil milhões de dólares, cerca de 50 mil milhões de euros.
O desafio, reconhecem os autores do plano, é desarmar os militantes. “É algo que só pode ser resolvido, e mesmo terminado para sempre, se as suas causas forem eliminadas através de um horizonte claro e de um processo político credível”, escrevem.
Na passada quarta feira, Husam Badran, porta-voz do Hamas, disse que o grupo estava disposto a deixar de governar Gaza. “A nossa única condição é que este seja um assunto interno da Palestina. Não permitiremos que nenhum partido regional ou internacional se envolva“, disse à Al Arabiya. “Enquanto houver consenso nacional, o Hamas não se envolverá na governação”.