No dia em que se realizou (e exibiu) mais uma troca de reféns, o Hamas alertou que cessar-fogo entre Israel e o Hamas está em perigo e “pode colapsar”
Decorreu, este sábado, a quinta troca de reféns do Hamas por prisioneiros de Israel – prevista na trégua em vigor desde 19 de janeiro e que interrompeu 15 meses de guerra na Faixa de Gaza.
Antes de os entregar à Cruz Vermelha, em Deir al-Balah, na Faixa de Gaza, o Hamas montou um palco onde exibiu o três reféns que teve em cativeiro durante quase 500 dias.
A chefe da diplomacia alemã condenou o Hamas por ter exibido os três reféns israelitas libertados: “É (…) insuportável que o Hamas volte a mostrar os três homens em público, mesmo à última hora, e os obrigue a dar ‘entrevistas’”, declarou Annalena Baerbock nas redes sociais, citada pela agência francesa AFP.
Hamas forced Eli Sharabi to speak on stage: “I’m so happy to return to my wife and daughters.”
He had no idea they were brutally murdered on October 7th.
Hamas laughed and told him his brother was murdered.
Hamas are the sons of Satan himself.pic.twitter.com/qYuRZy8jm6
— Vivid.🇮🇱 (@VividProwess) February 8, 2025
O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), por seu turno, pediu que as próximas trocas de prisioneiros detidos em Israel e de reféns mantidos em Gaza decorra de forma “digna e privada”.
“O CICV está cada vez mais preocupado com as condições em que decorrem estas operações”, indica um comunicado da Cruz Vermelha que lembra “a todas as partes, incluindo os mediadores, a responsabilidade que lhes cabe para que as próximas transferências decorram de forma digna e privada”.
Tortured, starved and frail, the Israeli hostages Eli, Or Levy are finally being released, but not before one last macabre display by the Hamas monsters.
Soon, they will be free again! pic.twitter.com/s6PP3TuhkC
— Arsen Ostrovsky 🎗️ (@Ostrov_A) February 8, 2025
Nas redes sociais, rapidamente, começaram a ser difundidas imagens do “antes e depois” dos reféns – Or Levy, de 34 anos, com ligações a Portugal; Eli Sharabi, de 52 anos; e o israelo-alemão Ohad Ben Ami, de 56 anos -, onde se questiona a forma como foram tratados, neste 16 meses em cativeiro.
You want to see what starvation and crimes against humanity really look like? Then look no further than what Hamas did to these Israeli hostages!
Where are you @IntlCrimCourt & @CIJ_ICJ?
Where are you @ICRC?
Where are you @hrw & @amnesty?
Where are you @UN & @antonioguterres? pic.twitter.com/iIevO5hYEF
— Arsen Ostrovsky 🎗️ (@Ostrov_A) February 8, 2025
Hamas avisa que cessar-fogo pode colapsar
Após a troca de reféns, o Hamas alertou que cessar-fogo está em perigo e pode colapsar – alertou um membro do gabinete político do movimento islamista palestiniano.
Em declarações à agência France-Presse (AFP), Bassem Naïm acusou Israel de “procrastinação” na implementação da primeira fase do acordo de cessar-fogo, com uma duração de seis semanas. Esta situação, alertou, coloca o acordo “em perigo e pode levar ao seu colapso”.
Até ao momento, não foi divulgado qualquer avanço das negociações relativas à segunda fase do acordo, que visa garantir a libertação de todos os reféns e que deveria arrancar na segunda-feira.
Na sequência da mais recente troca de reféns, o Hamas denunciou o que classificou como um “assassinato a conta-gotas” dos detidos palestinianos nas prisões israelitas, após a hospitalização de sete prisioneiros libertados.
As hospitalizações, incluindo a de Jamal al-Tawil, um dirigente político do Hamas na Cisjordânia, refletem “as agressões e os maus-tratos sistemáticos das autoridades prisionais israelitas contra os nossos prisioneiros, com um total desprezo pela sua idade ou pelos problemas de saúde que enfrentam”, escreveu o Hamas, denunciando uma “política de assassinato a conta-gotas dentro das prisões”.
O Hamas libertou este sábado três reféns israelitas que raptou a 7 de outubro de 2023, quando atacou o sul de Israel e desencadeou uma ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza, em troca de 183 prisioneiros palestinianos.
À AFP, Bassem Naïm exortou ainda os países árabes “a não normalizarem as relações” com Israel, depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter afirmado que um acordo com a Arábia Saudita iria “concretizar-se”.
Riade reagiu de forma contundente às declarações de Netanyahu, afirmando que não haverá qualquer normalização sem a criação de um Estado palestiniano, qualificando a sua posição como “inabalável”.
A Arábia Saudita tinha iniciado negociações com Israel em 2020 em troca de um pacto de defesa com Washington e de assistência para um programa nuclear civil, mas suspendeu as conversações após o início da guerra em Gaza.
ZAP // Lusa
Guerra no Médio Oriente
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8 Fevereiro, 2025 Cruz Vermelha pede dignidade na troca de reféns. Hamas avisa que cessar-fogo pode colapsar