António Guterres fez, esta segunda-feira, o juramento como novo secretário-geral da ONU, numa cerimónia em que Portugal esteve representado pelo Presidente da República e pelo primeiro-ministro.
“Eu, António Guterres, declaro solenemente e prometo exercer em total lealdade, discrição e consciência as funções que me são confiadas enquanto servidor público das Nações Unidas, exercer estas funções e pautar a minha conduta apenas tendo em mente os interesses das Nações Unidas, e não procurar ou aceitar, no que respeita às minhas responsabilidades, instruções de qualquer Governo ou outra organização”, declarou, já com Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa junto ao púlpito.
Depois de ter feito este juramento, o ex-Alto Comissário do ACNUR começou o seu discurso com uma palavra ao seu antecessor, Ban Ki-moon, dizendo ser “uma honra seguir os seus passos”.
“O fim da Guerra Fria não foi o fim da história. (…) Os conflitos tornaram-se mais complexos e mais interligados do que nunca e uma nova ameaça surgiu: o terrorismo”, continuou.
“A globalização fez aumentar as desigualdades. Muita gente ficou para trás, incluindo nos países desenvolvidos. (…) É tempo de os líderes ouvirem e mostrarem que se preocupam“.
Num discurso em inglês, francês e espanhol, o antigo primeiro-ministro foi mais do que uma vez aplaudido pela plateia.
“A ONU nasceu da guerra, agora devemos estar aqui pela paz”. O novo secretário-geral afirmou que as “Nações Unidas devem estar preparadas para a mudança”.
As três áreas prioritárias para Guterres são o trabalho pela paz, o apoio ao desenvolvimento sustentável e uma reforma a nível interno nas Nações Unidas.
Na resposta a “crises graves” como as da Síria, Iémen e Sudão do Sul ou a “disputas longas” como o conflito israelo-palestiniano, são necessárias “mediação, arbitragem e diplomacia criativa”, enumerou.
O português defendeu ainda que é necessário reduzir a burocracia dentro da organização, porque “nove meses para colocar alguém no terreno não é aceitável”, e voltou a falar de um dos seus maiores objetivos: conseguir um “total equilíbrio de género” dentro da ONU até ao final do seu mandato.
Além disso, Guterres apelou ainda para a necessidade de “incluir os jovens na tomada de decisões” uma vez que afetam o seu futuro.
Peace
Justice
Respect
Human rights
Tolerance
SolidarityAntónio Guterres cites these values enshrined in UN Charter in address to #UNGA pic.twitter.com/wGOzeDfRxf
— United Nations (@UN) December 12, 2016
Ban Ki-moon diz que tudo está a ser feito para a paz no mundo
Antes do discurso de Guterres, foi feita uma homenagem ao secretário-geral cessante, que fez também o seu último discurso perante o plenário da ONU.
“Estamos a fazer tudo o que podemos para que as futuras gerações vivam em paz”, afirmou o sul-coreano.
No final da sua intervenção, Ban Ki-moon desejou ao seu sucessor e a todos os membros da ONU “paz, prosperidade e sucesso”.
Também o presidente da Assembleia-Geral, Peter Thomson, transmitiu um “profundo agradecimento” a Ban Ki-moon, destacando o seu legado duradouro e “compromisso com a paz, direitos humanos, justiça e igualdade”.
Peter Thomson destacou como os três principais legados de Ban Ki-moon o seu contributo “incansável para chamar a atenção para as consequências catastróficas do aquecimento global“, o seu papel na definição da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e a sua luta a favor da igualdade de género e defesa dos direitos das mulheres, tendo sido “o primeiro secretário-geral da história a declarar-se como feminista”.
Guterres, de 67 anos, vai iniciar o seu mandato de cinco anos a 1 de janeiro de 2017, três semanas antes da tomada de posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
Desde que foi aclamado pela Assembleia-geral da ONU em outubro, o português já visitou as capitais dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, ou seja, EUA, Rússia, China, França e Reino Unido, e reuniu com os respetivos líderes.
ZAP / Lusa