NATO: guerra na Ucrânia pode durar anos

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EPA/Roman Pilipey

Ucrânia indica que repeliu ataques russos perto de Severodonetsk. Jens Stoltenberg fala em guerra “amarga” e avisa: o conflito pode prolongar-se.

O Exército ucraniano informou hoje que repeliu ataques russos perto de Severodonetsk, no leste do país, palco de combates sangrentos numa guerra que, segundo a NATO, pode durar anos.

“As nossas unidades repeliram o ataque na área de Toshkivka”, disseram militares ucranianos na rede social Facebook, acrescentando que “o inimigo recuou e está a reagrupar-se”.

O governador local, Sergei Gaïdaï, negou hoje a ideia de que os russos controlavam a localidade estratégica de Severodonetsk, afirmando no Telegram: “Na verdade, controlam a maior parte da cidade, mas não a controlam inteiramente”.

O secretário-geral da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, alertou que os países ocidentais devem estar prontos para oferecer apoio de longo prazo a Kiev durante “uma guerra amarga”.

A guerra pode durar “anos”, disse numa entrevista publicada hoje pelo jornal alemão Bild, pedindo aos países ocidentais que afirmem o seu apoio a Kiev, a longo prazo.

Não devemos vacilar no apoio à Ucrânia, embora os custos sejam altos, não apenas em termos de apoio militar, mas também devido ao aumento dos preços da energia e dos alimentos”, disse o líder da NATO.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, emitiu um aviso semelhante, pedindo forte apoio a Kiev para evitar o risco de ver a “agressão” triunfar na Europa como jamais aconteceu desde a Segunda Guerra Mundial.

Os países que apoiam a Ucrânia face à invasão russa devem manter a calma e garantir que Kiev tenha “a resistência estratégica para sobreviver e, finalmente, vencer“, escreveu num editorial publicado pelo Sunday Times.

As forças russas têm concentrado o seu poder de fogo no leste e no sul da Ucrânia nas últimas semanas desde a tentativa fracassada de tomar a capital, Kiev, após uma invasão relâmpago em 24 de fevereiro.

“As perdas são significativas. Muitas casas foram destruídas, a logística civil foi interrompida, há muitos problemas sociais”, disse o Presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, que visitou a frente sul e garantiu hoje que as tropas mantêm a moral.

Durante esta rara visita fora de Kiev, onde se barricou no início do conflito quando a capital foi ameaçada pelo exército russo, Zelensky viajou para Mykolaiv, no Mar Negro, visitando as tropas estacionadas nas proximidades e na região vizinha de Odessa.

Não daremos o sul a ninguém, recuperaremos tudo, e o mar será ucraniano, será seguro”, disse num vídeo postado no Telegram, ao regressar a Kiev.

O Presidente disse que conversou com soldados e polícias durante a visita e afirmou: “O humor deles é confiante e, olhando nos olhos, é óbvio que ninguém duvida da nossa vitória”.

No entanto, Zelensky reconheceu que as “perdas são significativas” no território, onde “muitas casas foram destruídas, a logística civil foi interrompida, há muitos problemas sociais”.

“Pedi que seja prestada assistência às pessoas que perderam entes queridos de forma mais ampla. Definitivamente reconstruiremos tudo o que foi destruído. A Rússia não tem tantos mísseis quanto o nosso povo deseja viver”, acrescentou.

Zelensky agradeceu ainda o “serviço heroico” dos soldados que estão a conter o avanço das tropas russas, apoiadas no leste da Crimeia anexada.

Um vídeo, divulgado pela Presidência, mostra o chefe de Estado em Mykolaiv com o governador local, Vitaliy Kim, em frente à fachada da sede da administração regional, atingida por um ataque russo em março que deixou 37 mortos.

Esta cidade portuária e industrial de quase meio milhão de habitantes antes da guerra ainda está sob controle ucraniano, mas fica perto da região de Kherson, quase inteiramente ocupada pelos russos.

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