Guerra: como a Rússia esconde as suas baixas militares

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Atef Safadi / EPA

Mil ou 18 mil? Não há consenso sobre os números reais de militares russos que já morreram. Os métodos facilitam ocultações.

Cerca de um mês e meio depois do início da invasão russa à Ucrânia, quantos militares russos já morreram durante o conflito? Os números divulgados não esclarecem.

No final de Março, a contabilidade apresentada pelo ministro da Defesa da Rússia assegurava que morreram até agora 1.351 militares russos.

Nesta quarta-feira as forças armadas ucranianas indicaram que já morreram 18.600 militares russos.

Pelo meio, o Departamento de Estado dos EUA apontou para mais de 10 mil baixas militares do lado russo.

Quando a contabilidade oficial russa ainda rondava os 500 mortos, um jornal russo, o Komsomolskaia Pravda, indicou que afinal já tinham morrido quase 10 mil soldados – a notícia foi apagada logo a seguir.

Muitos russos não sabem onde estão, ou o que está a acontecer, aos seus familiares que estão em serviço no conflito. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, comentou com jornalistas que as autoridades russas já recusaram recolher os cadáveres: “Até os cães e gatos mortos são mais bem tratados”.

Contabilidade parcial

O processo de contagem é o seguinte: há brigadas especiais que tratam da evacuação dos cadáveres e, “se possível”, registam os mortos; a lista é entregue a um comandante, que depois apresenta o relatório. O método foi revelado por um advogado militar ao jornal The Moscow Times.

Para serem integrados na lista oficial de mortos em combate, os cadáveres têm de ser identificados na íntegra. Com testes ADN, se for necessário. Partes do corpo ou declarações de testemunhas não chegam.

No entanto, os soldados que ainda não foram identificados como mortos também não estão incluídos na lista de soldados desaparecidos.

Ou seja, os corpos que continuam espalhados pelas ruas na Ucrânia, os que não foram identificados e os que foram enterrados ainda em solo ucraniano não estão na lista, nem dos desaparecidos, nem dos mortos em combate.

No meio disto tudo, “ninguém sabe o número certo de vítimas”, avisou o advogado.

Familiares procuram respostas

A comissária russa dos Direitos Humanos já recebeu cerca de 400 contactos por parte de familiares que deixaram de ter notícias por parte de militares que estão na Ucrânia.

Só que também aqui há um entrave: para os familiares pedirem a um tribunal que o soldado seja declarado desaparecido em combate, precisam de esperar por um ano completo de “silêncio”. Mesmo depois desse período, se a morte do militar não for confirmada por parte das autoridades russas, a família nunca receberá indemnizações.

Há soldados russos que morreram na guerra na Chechénia, na década 1990, e que ainda não foram identificados.

O jornal cita o exemplo do soldado russo Stanislav Pivovarov. Os familiares não sabiam dele, até que o viram num vídeo ucraniano: Stanislav tornou-se num prisioneiro de guerra. Contactaram os responsáveis militares russos, que responderam: “Stanislav está em missão. Não estava nas listas de prisioneiros de guerra mas descobrimos que está num hospital, com um ferimento grave na perna. Não sabemos mais nada. Nem sabemos se ele está vivo”.

O jornal The Moscow Times tentou obter um esclarecimento de Dmitry Peskov, ministro da Defesa e porta-voz do Governo russo, em relação ao número de soldados russos mortos na Ucrânia. Peskov não respondeu.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

11 Comments

  1. nunca se vai saber o número exacto (ou quase) de mortos. ainda hoje não há consenso, nem perto disso, sobre os mortos nas guerras da Chechénia…

    • Como os russos nem sequer respeitam os seus e os usam como carne para canhão, é sempre complicado saber números exactos…

      • E se o respeito que têm para com os seus é este, imagine-se o tratamento dado ao inimigo….

  2. Mas o que é que isso interessa? Também não sabemos quantos militares ucranianos morreram. Foram todos demais e todos jovens. A guerra é uma vergonha. E os responsáveis principais por esta guerra acontecer são os EUA e seu braço armado NATO, aliás como sempre. Alimentam-se de guerras e dos negócios da guerra, foi o país que depois da sua independência em mais guerras teve envolvido, direta ou indiretamente, como é o caso presente.

    • Bom noite candeeiro… deves estar com “pouco sinal”…
      Tal como está o título, esta guerra envolve a Rússia – que invadiu a Ucrânia!!

      Claro que a guerra que o ditador Putin nem sequer teve coragem de declarar é uma vergonha – mas as figuras completamente delirantes que tu fazes não ficam muito atrás!..

      • Pois é quando só se vê por um olho com deve ser o seu caso a coisa fica difícil. A guerra começou em 2014 com o golpe de estado da praça Maidan preparado e financiado em cerca de 5 milhões de dólares pelos EUA. O governo que daí saiu foi escolhido por Vitoria Nuland e o embaixador americano. A UE participou na “aprovação deste golpe”. A partir daí começou por parte do poder ucraniano uma limpeza étnica às populações ucranianas de origem russa. Foram mortos mais de 10 mil civis, mas o mundo andava “convenientemente” distraído e os média ainda não sabiam o que eram os genocídios de civis, e fizeram vista grossa, assim como a UE. Depois vieram os tratados de Minsk para restabelecer a paz que a ucrânia não cumpriu. A guerra efetivamente começou a 16 de Fevereiro com uma ofensiva da Ucrânia sobre as populações do Donbass. A Rússia ou ficava a assistir aos massacre dos russo-descendentes ou tinha que entrar na Ucrânia. A isso juntar a hostilização que querer ser NATO, ter armas nucleares e ter montado laboratórios de armas quimicas e biológicas. Era demais para a Rússia, foi um convite (dos EUA) para a guerra.

      • Claro! Tem toda a razão! É por isso mesmo que, com a entrada dos Russos são tão poucos os ucranianos a fugir dos libertadores!
        E, também pelo facto de ser uma guerra provocada pelos EUA e pela NATO os ucranianos no estrangeiro estão a voltar justamente para os combater.
        Em suma: “Pois é quando só se vê por um olho com deve ser o seu caso a coisa fica difícil”!
        Por favor, deixe lá as palas e de regurgitar a cassete e veja com os seus olhos. E, já agora, Bucha?
        Não esquecer, também, os papéis: invadido e invasor!

  3. Da invasão e anexão da Crimea pela Rússia não se fala, pois não? Não é conveniente. Coitados dos russos. Foram os outros que atacaram e eles só se defendem. Pobrezitos.

  4. Xii tantos trolls fascistas que se julgam comunistas mas na verdade sempre foram marxistas.. é delicioso ver a sede de justiça de criminosos que apanhados em flagrante juram a pés juntos que foram os outros que caíram nas espadas deles.

  5. Dos russos sabemos que morreram 18.000 militares, da ucrânia pelo que a comunicação nos informa morreram cerca de mil e tal civis. Militares com a graça de deus até ao momento nenhum ou foram todos cremados pelos russos…

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