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A guerra interna do CDS faz-se de acusações de mentiras, inverdades e comparações com Frei Tomás

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Tiago Petinga / Lusa

O líder do CDS/PP, Francisco Rodrigues dos Santos

Conselho Nacional, que decorreu este fim-de-semana, ficou marcado pela trocar de acusações entre a ala de Francisco Rodrigues dos Santos — que se debate para defender o bom resultado autárquico do partido — e a de Nuno Melo.

A luta pela liderança do CDS está lançada e promete ser ainda mais acessa do que se pensava. Ao longo do fim de semana, os centristas estiveram reunidos em Conselho Nacional para debater os resultados das últimas eleições autárquicas e marcar o próximo congresso do partido. No entanto, as divergências começaram logo no primeiro ponto, com o núcleo de figuras associadas a Assunção Cristas — agora reunido em torno de Nuno Melo — e a atual direção, liderada por Francisco Rodrigues dos Santos.

Chicão, como é conhecido nas hostes centristas, defendeu-se dos ataques dizendo que o partido não só ganhou mais câmaras, como também elegeu mais autarcas graças à estratégia de coligações com o PSD. Ainda assim, não conseguiu dar números certos, dizendo que os dados ainda estão a ser recolhidos pelas concelhias e enviados para a direção — em alguns casos, argumentou também, é preciso esperar para perceber como ficam fechados os executivos para se há mais a subir nas listas do CDS.

Esta tese não convenceu João Almeida, que confrontou o líder com números exatos. “Se queres números, temos menos quatro vereadores, menos 48 deputados municipais, menos 13 presidentes de freguesia e menos 67 membros de assembleia de freguesia”, explicou, para logo a seguir afirmar que a diferença entre si e Rodrigues dos Santos “não é só no tom e na educação, é também na maneira como enfrentamos a realidade“.

A resposta de Rodrigues dos Santos foi arrasadora. “Porque perdeste votos em São João da Madeira. Porque foste o candidato e tiveste menos votos do que a coligação PSD-CDS de há quatro anos. E já que falaste na representação do partido, também porque foste o único que nunca utilizou o teu partido em marketing de campanha. Foste o único que não usou o símbolo em coisa nenhuma!”

“Já te ouvi muitas vezes ser o defensor de direções, dizer que o importante não eram votos, eram mandatos. Eu nunca disse que o objetivo era ter mais votos: isso é mentira e é um golpe retórico que agora usas porque não consegues levar a tua avante sem recorrer à mentira“, disse ainda Francisco Rodrigues dos Santos antes de acusar João Almeida de nas últimas semanas abrir caminho à candidatura de Nuno Melo.

“Oh João Almeida, não vale a pena tentares fazer esse discurso de virgem ofendida, quando sabes que estive em São João da Madeira nas jornadas parlamentares do primeiro comício do Nuno Melo, que tu aplaudias alegremente enquanto ele destruiu a direção do partido para todas as televisões.”

A troca de acusações prosseguiu, nota o Expresso, com João Almeida a apontar o “tom tasqueiro” de Rodrigues dos Santos.

Cecília Meireles também foi contundente nas críticas, dizendo ter um Excel que atestava a perda de votos nas autárquicas, ressalvando não ser possível não poder fazer contas já ao número de mandatos: “Temos menos mandatos, mesmo sabendo que não estão ainda apuradas assembleias de freguesia. Não há divergências sobre factos, isso não existe. Apelo a que a secretaria-geral envie a todos os vereadores e membros de assembleia municipal.”

No que concerne ao segundo tópico, o da marcação do congresso, os conselheiros nacionais fizeram a vontade ao líder do CDS e concordaram com o último fim de semana de novembro, o que fará com que a reunião magna dos centristas coincida com a do Chega. Perante uma votação de 69% a favor e 30% contra, de nada valeu a contestação e críticas dos críticos de Francisco Rodrigues dos Santos.

“Eu assisti hoje a um conjunto de zig-zags, cambalhoras e pituetas que não imaginava ver em 10 meses. Esperava ouvir hoje — malvado do presidente que demorou tanto tempo a marcar um congresso! Mas não! Agora queixam-se que fui muito rápido a marcar o congresso! Vá-se lá entender!”, ironizou o líder.

A fechar o fim de semana turbulento do partido, um adversário externo esgrimiu também o seu ataque. André Ventura, que dirigiu as suas críticas particularmente a Nuno Melo — candidato à liderança do CDS que apontou, na reunião interna, a necessidade de o seu partido se distinguir do Chega, sendo, por isso, contra a data do Congresso, escreve o Expresso.

“O Nuno Melo acha que consegue ser uma cópia minha e fazer do CDS uma espécie de franchising do Chega. O Chicão acha que pode vencer o Chega nas urnas a vender-se ao PSD. Estão os dois tão enganados!”, disse o líder do Chega que se insurgiu contra a realização dos congressos dois partidos em simultâneo. “O Chega já tem o seu congresso marcado para esse fim-de-semana. O CDS deve adaptar-se. Manda a boa prática que partidos parlamentares não realizem a sua reunião magna nos mesmos dias. Uma questão de respeito democrático!”

ZAP //

1 Comment

  1. Está tudo “baralhado” no partido dos advogados padrecos… nada como uma crise interna para estes moralistas mostrarem como são honestos e educados…
    O melhor foi o João Almeida criticar os resultados autárquicos do CDS, quando ele foi candidato à Câmara de São João da Madeira e teve um resultado pior do que há 4 anos!…
    O CDS cada vez mais próximo de ser o Chega 2.

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