The Satanic Temple

Estátua do Templo Satânico em Detroit
Uma estátua controversa apresentada a semana passada pelo grupo religioso Templo Satânico numa cerimónia secreta, em Detroit, no Michigan, está a causar protestos nos Estados Unidos. Mas porque motivo?
A estátua de bronze mede 2,7 metros e representa um ser hermafrodita alado, conhecido como Baphomet (ou Bafomé), ladeado por duas crianças sorridentes. O monumento custou cerca de 90 mil euros, e centenas de auto-intitulados satanistas participaram na cerimónia de inauguração.
Agora, o Templo Satânico quer mudar a estátua de lugar e a decisão gerou polémica.
O grupo religioso pretendia transferi-la para 1450 quilómetros de distância, para a posicionar em frente ao monumento dos Dez Mandamentos, do lado de fora do edifício do Capitólio em Oklahoma City.
O Baphomet iria “complementar e contestar” os mandamentos cristãos, afirmou a organização.
“A nossa estátua servirá como um farol, a pedir compaixão e empatia entre as criaturas vivas”, diz Lucien Greaves, co-fundador do grupo.
Greaves diz esperar que pessoas de todas as idades “se sentem ao colo de Satanás para a inspiração e reflexão”
“É uma pequena atracção turística. As pessoas viriam de longe para a ver”, diz Greaves.
Mas qual é o simbolismo desta estátua tão controversa?
Conheça os códigos ocultos na polémica escultura de ‘Templo Satânico’ nos EUA.
Baphomet
O nome Baphomet remonta à Inquisição e aos Cavaleiros Templários, que no século 12 chegaram a ser torturados por supostamente terem confessado a adoração a um ídolo pagão chamado Baphomet.
Alguns historiadores acreditam que “Baphomet” seria simplesmente uma derivação do nome “Muhammad”, o profeta fundador do Islão.
Mas ao longo dos anos o mistério e a especulação envolvendo os Templários aumentaram, assim como as interpretações da palavra e o seu significado.
Uma interpretação elaborada inspirou inclusivamente o enredo do livro O Código Da Vinci, de Dan Brown, em que a palavra Baphomet é descodificada e traduzida como “Sofia”, ou sabedoria.
A imagem de Levi
A mais conhecida imagem moderna de Baphomet foi criada em 1856 pelo ocultista francês Eliphas Levi, no seu livro Transcendetal Magic: Its Doutrine and Ritual.
A imagem retrata um ser hermafrodita alado com uma tocha entre os chifres e um pentagrama na testa.
Nos seus braços, estão escritas as palavras latinas “solve” (separar) e “coagula” (unir), poderes que teriam sido usurpados de Deus.
O desenho de Levi foi a inspiração para o monumento do Templo Satânico.
“A figura contém todos os opostos binários – cima e baixo, animal e humano, homens e mulheres”, diz Greaves.
“Ele encarna opostos e celebra os contrastes”, acrescenta.
The Satanic Temple

Dois dedos
Os dois dedos estendidos da mão direita a apontar para cima e os dois da mão esquerda significam “tudo o que há em cima, há em baixo”.
Estas palavras e o gesto que o acompanham são familiares para os ocultistas. Têm origem em antigas obras atribuídas a Hermes Trismegisto, cujos escritos eram populares durante o Renascimento e a Reforma.
Como Levi escreveu, com este gesto, Baphomet “expressa a harmonia perfeita da misericórdia com a justiça.”
The Satanic Temple

Duas crianças
“Esperamos que as crianças vejam a nossa estátua como uma bela obra de arte; não há nada a temer. Isso é o que as crianças simbolizam”, explica Greaves.
“O rosto de cabra tem uma expressão neutra. Não é demoníaco, feroz ou monstruoso, como se pode imaginar, se olharmos para ele sem preconceito cultural”, acrescenta.
Para Greaves, as crianças não têm nada a temer.
“Não acredito que as crianças que se aproximem do monumento sem terem sido contaminadas por propaganda negativa encontrem algo tão aterrorizante”, afirma Greaves.
“Mas não estamos a catequizar crianças. A maioria das crianças é obrigada a ter uma religião. Não nos importamos com isso.”
Caduceu
The Satanic Temple

No ventre de Baphomet, há o símbolo grego clássico de duas serpentes entrelaçadas em torno de uma vara, que, segundo a mitologia, pertenceu a Hermes, o deus dos viajantes, protector da magia e da adivinhação.
O caduceu, que simboliza o comércio, a negociação e a reciprocidade, foi incluído no Baphomet de Levi.
“Para nós, simboliza a reconciliação dos opostos”, disse Greaves.
Adaptação
A imagem de Levi é hermafrodita, mas com seios femininos. No caso da de Detroit, este último atributo não está presente.
O templo alega não ter querido entrar na discussão de género, já que poderia desviar a atenção para o mais importante: a mensagem de Baphomet.
Na verdade, de acordo com Greaves, são o menino e a menina que reflectem a “dualidade homem-mulher”.
Pentagrama
Localizado na testa de Baphomet e na parte de trás do trono, o pentagrama é amplamente reconhecido como um símbolo satânico e frequentemente aparece invertido.
A cruz também aparece invertida, como aconteceu durante a cerimónia de abertura do Templo Satânico.
“Esta inversão é a percepção de Satanás. Ele convida as pessoas a repensar a sua formação cultural, a olhar para as evidências e a reconsiderar os seus valores”, acrescenta.
The Satanic Temple

A tocha entre os chifres e inscrições
“A tocha do conhecimento exalta a busca pela sabedoria. Damos-lhe grande importância, é fundamental para as nossas crenças em geral”, disse Greaves.
Ainda não foram acrescentadas inscrições à estátua, mas o Templo Satânico diz que pretende fazê-las.
Na frente da estátua, no pentagrama invertido, será inscrito um dos seus sete princípios: “O espírito de compaixão, sabedoria e Justiça deve prevalecer sempre sobre a palavra escrita ou falada”.
Haverá também uma passagem do livro Caim, de Lord Byron, de 1821.
“Então, quem é o demónio? Aquele que não deixaria que vivesse, ou teria vivido para sempre, na alegria e no poder do conhecimento?”
ZAP / BBC
Inventam-se religiões e crenças como quem muda de camisa e como é nisto é noutras coisas, por essa razão a sociedade vai ficando cada vez mais extremada nas mãos de fanáticos e estes vão sendo cada vez melhor aceites, quando surge algo de desastroso as pessoas lamentam-se sem se dar conta da meia culpa da situação.
@vasco: O Satanismo não foi “inventado” à toa para fazer oposição ao “querido cristianismo”, antes pelo contrário. As suas raízes vão muito além da fundação do culto da cruz e do vitimizado messias. No entanto, usa símbolos e figuras sempre com um olho a piscar, para ver se as pessoas se deixam iludir pelas aparências, ou se procuram e entendem as mensagens muito mais profundas, muito bem escondidas (mas bem óbvias para quem abre a sua mente). Pois leva inteligência para entendê-las. — E, agora, revelo que não sou crente, sou apenas observador, mas é por isso que tive de fazer uma observação, para as pessoas aínda não completa mente cegas verem.
Preocupa-me a imagem de criancinhas à volta… Talvez seja investimento a médio longo prazo… O resto é ajuntamento de rebanhos que com ou sem imagens decidem “entregar o pobre espírito”.