Os enfermeiros mantêm a greve que começa na quinta-feira nos blocos operatórios de cinco hospitais, por falta de acordo com o Governo sobre a estrutura da carreira.
A informação foi prestada à Lusa pelos presidentes da Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE), Lúcia Leite, e do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), Carlos Ramalho, à saída de uma reunião negocial, em Lisboa, com a secretária de Estado da Saúde, Raquel Duarte.
A greve, por melhores salários e uma carreira de enfermagem valorizada, começa na quinta-feira e termina no fim do ano, abrangendo os blocos operatórios do Centro Hospitalar Universitário de S. João, Centro Hospitalar Universitário do Porto, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e Centro Hospitalar de Setúbal.
À saída da reunião, a presidente da ASPE, Lúcia Leite, apontou a falta de vontade do Governo para negociar uma “estrutura de carreira” que inclua a categoria de enfermeiro especialista. “Não há vontade. Nós queremos uma estrutura de carreira”, afirmou, considerando que o Ministério da Saúde apresentou uma “proposta ultrajante“.
O Ministério da Saúde continua omisso quanto à categoria de enfermeiro especialista. “Não recebemos nenhuma argumentação para a não aceitação da categoria de enfermeiro especialista”, disse, acrescentando que, “enquanto não estiver garantida” esta categoria na carreira, cujos profissionais desempenham “funções distintas” dos enfermeiros generalistas, não há condições para a “discussão da tabela remuneratória”.
Justificando a greve, o presidente do Sindepor, Carlos Ramalho, disse que “não há a mínima abertura” do Ministério da Saúde para “negociar as propostas” do sindicato quanto à estrutura da carreira especial de enfermagem, nomeadamente em termos de definição de categorias na carreira.
Carlos Ramalho disse que o regime atual da carreira “não valoriza as competências acrescidas dos enfermeiros especialistas e generalistas” e respetivas remunerações.
O Ministério da Saúde invocou, numa nota enviada antes do final da reunião negocial de terça, que, na proposta apresentada aos sindicatos, “destaca-se a consolidação do enfermeiro especialista e o reconhecimento da importância da gestão operacional de equipas pelo enfermeiro coordenador”.
A tutela assume que a proposta de revisão da carreira especial de enfermagem “constitui a aproximação possível às reivindicações apresentadas” pelos sindicatos, “num contexto de sustentabilidade das contas públicas e equidade social”.
O Ministério da Saúde advoga que o “processo negocial decorre com inteira normalidade, aguardando que “os representantes dos profissionais considerem, na sua avaliação, o esforço adicional de negociação realizado por parte do Governo”.
ZAP // Lusa