As organizações ambientalistas Greenpeace e Extinction Rebellion foram incluídas num documento da polícia britânica contraterrorismo que elenca grupos extremistas e potencialmente perigosos, escreve o jornal The Guardian.
De acordo com o diário britânico, que avança a notícia esta sexta-feira, ambas as associações constam do documento, que é produzido pela Counter Terrorism Policing e utilizado em toda a Inglaterra como parte do programa de treino Prevent, o esquema de anti-radicalização projetado para capturar pessoas em risco de cometer atos terroristas.
A Greenpeace e a Extinction Rebellion surgem listadas no mesmo guia que inclui símbolos “associados à supremacia branca” e a organizações e movimentos de extrema-direita, como as cruzes suásticas, escreve o jornal, que teve acesso aos documentos.
Datado de junho de 2019, o manual foi distribuído a professores, médicos, enfermeiros e funcionários públicos. O documento mesmo aconselha a quem se cruzar com os símbolos e referências mencionados a reportar uma denúncias na página da Counter Terrorism Policing, dando assim conta de “atividades suspeitas”.
A inclusão destes grupos motivou críticas de alguns políticos. A candidata à liderança dos Trabalhistas Lisa Nandy considera esta situação um “absurdo total”.
Os políticos também criticaram o documento, com a candidata à liderança trabalhista Lisa Nandy chamando a inclusão de grupos pacíficos de crise climática de “absurdo absoluto”.
Em declarações ao semanário Expresso, Nelson Lourenço, que leciona Direito e Segurança na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e é presidente do Grupo de Reflexão Estratégica de Segurança, criticou também a inclusão, dizendo tratar-se de uma situação “desajustada”, “excessiva” e que poderá ser até “perigosa”.
“Daqui a nada começa-se a achar que qualquer pessoa que participe numa manifestação está num processo de radicalização”, afirma o especialista, antes de explicar que o progtama Prevent é “da responsabilidade da divisão da polícia inglesa ligada ao combate ao terrorismo”.
“Para muitos, o programa incide sobretudo sobre as minorias étnicas, particularmente a muçulmana. Os membros desta unidade ligada ao terrorismo começam a ir às escolas e aos hospitais, e também às prisões, para tentar perceber que pessoas estão em processos que podem desembocar numa radicalização”, explicou.