A “gravidade emergente” pode obrigar-nos a repensar tudo o que sabemos sobre o universo

NASA

A teoria da gravidade emergente surgiu como uma alternativa à hipótese da matéria escura e, caso seja comprovada, pode desafiar tudo o que sabemos sobre as leis da física.

Em 2009, Erik Verlinde, um físico teórico, introduziu um conceito revolucionário que desafiou as noções tradicionais de gravidade.

Em vez de ser uma força fundamental da natureza, Verlinde sugeriu que a gravidade poderia ser um fenómeno emergente, semelhante à temperatura que emerge do comportamento coletivo das moléculas de gás.

Esta ideia, inspirada nas propriedades termodinâmicas observadas em buracos negros por Stephen Hawking e Jacob Bekenstein na década de 1970, implica que a nossa compreensão da gravidade, e de facto do universo inteiro, poderia precisar de ser fundamentalmente revista, aponta o Live Science.

A teoria de Verlinde propõe que, assim como a termodinâmica pode ser vista como emergente de processos microscópicos, a gravidade também pode emergir de processos físicos mais profundos, ainda por compreender.

Esta reimaginação radical da gravidade também sugere que os nossos conceitos de movimento, inércia, espaço e tempo podem ser propriedades emergentes.

Apesar do entusiasmo inicial, a teoria tem lutado para obter suporte experimental ao longo dos anos.

Embora alguns testes iniciais parecessem favorecer a gravidade emergente, especialmente na explicação das taxas de rotação das estrelas nas galáxias sem recorrer à matéria escura, as observações subsequentes não apoiaram consistentemente a teoria.

A matéria escura, uma substância misteriosa que se pensa compor a maioria da massa nas galáxias, tem sido um pilar na cosmologia para explicar uma vasta gama de fenómenos astronómicos. No entanto, a sua natureza elusiva permanece um dos enigmas mais perplexos da física.

A expansão da teoria de Verlinde em 2016 forneceu um avanço potencial ao sugerir que a presença de energia escura no universo poderia levar a novas propriedades emergentes do espaço, influenciando o seu comportamento em regiões de baixa densidade.

Este aspeto da teoria ofereceu uma explicação alternativa à matéria escura, propondo que o próprio Espaço poderia exercer uma atração para dentro, fazendo com que a matéria se aglomere mais densamente.

Apesar destes desenvolvimentos intrigantes, a teoria da gravidade emergente enfrenta desafios significativos.

Os resultados experimentais têm sido mistos, com observações recentes a não demonstrar uma clara vantagem sobre a hipótese da matéria escura.

Além disso, a dependência da teoria em numerosas suposições e a ausência de uma estrutura teórica completamente elaborada tornam difícil prever com precisão os comportamentos galácticos.

Assim, a teoria da gravidade emergente é uma ideia intrigante — que apenas o tempo e observações extensivas poderão revelar se está correta.

Entretanto, uma outra nova teoria, introduzida num artigo académico recentemente publicado, desafia também a existência da matéria escura e propõe um conceito revolucionário de gravidade no qual o espaço-tempo apresenta “instabilidade”.

Com o nome de “teoria pós-quântica da gravidade clássica“, a nova teoria, que já lançou um aceso debate entre os físicos teóricos, imagina o espaço-tempo como um contínuo suave que é intrinsecamente instável, com o fluxo do tempo e as dimensões espaciais a experimentarem flutuações aleatórias.

É também uma teoria intrigante, mas a matéria escura continua a ser, na opinião da generalidade dos físicos, a melhor explicação para a massa do Universo.

ZAP //

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