Está em morte cerebral, mas grávida. Lei anti-aborto dos EUA não permite desligar máquinas

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Adriana com o filho

“Pode ficar cego, pode não conseguir andar, pode não sobreviver depois de nascer” — e não terá mãe. À luz da lei dos EUA, tudo isto é melhor do que desligar as máquinas a Adriana, provocando um aborto.

Adriana Smith está em morte cerebral desde as 8 semanas de gravidez. Atualmente, já vai nas 23. Mas a sua barriga continua a crescer. E assim deverá permanecer até ao final de agosto deste ano, quando os médicos do hospital no estado da Geórgia, onde se encontra, planeiam fazer uma cesariana.

“Ele tem os dedos dos pés, os braços, os membros – tudo está a formar-se”, disse a mãe de Adriana, April Newkirk, à estação de notícias 11Alive. “Estamos apenas a torcer para que ele sobreviva”.

Isto porque, explicam os médicos, as chances deste bebé nascer saudável são extremamente reduzidas. O feto tem líquido no cérebro, e “pode ser cego, pode não conseguir andar, pode não sobreviver depois de nascer”.

“Vamos amá-lo da mesma forma”, diz a mãe de Adriana, que já tem outro neto, com 7 anos, também filho da norte-americana que em fevereiro foi diagnosticada com coágulos sanguíneos no cérebro — em poucas horas, entrou em morte cerebral, narra o The Guardian.

Mesmo com a vontade de ter a criança nos braços, a avó admite que a família “não teve escolha nem voz sobre o assunto”.

Isto porque, segundo a lei norte-americana deste estado, é proibido fazer um aborto após seis semanas de gravidez.

Mas o caso tem gerado polémica, e o próprio gabinete do procurador-geral da Geórgia, Chris Carr, divulgou um comunicado que declara que a lei das seis semanas da Geórgia não exige que os profissionais médicos mantenham as mulheres vivas com suporte de vida após serem declaradas com morte cerebral, já que “retirar o suporte de vida não é uma ação com o objetivo de interromper uma gravidez”.

No entanto, também há opiniões no sentido contrário. O senador do estado da Geórgia Ed Setzler disse à AP que “é completamente apropriado que o hospital faça o que puder para salvar a vida da criança”, uma vez que se trata de “uma vida humana inocente”.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

 

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