Há Governos a espiar as suas notificações. Apple e Google silenciadas pelos EUA

Democracias aliadas aos EUA estarão a obrigar as duas gigantes tecnológicas a fornecer metadados para vigiar as notificações push dos smartphones. Apple e Google queriam partilhar mais detalhes com o público sobre a violação de privacidade, mas dizem-se silenciadas pelo Governo.

As notificações push — aquelas que surgem na frente e na parte de cima do ecrã — que recebe no seu smartphone estão a ser vigiadas por governos não identificados, alertou um senador dos EUA esta quarta-feira.

Oficiais estrangeiros estão a exigir dados do Alphabet da Google e da Apple, segundo a carta enviada por Ron Wyden ao Departamento de Justiça norte-americano, avança a Reuters esta quinta-feira.

As notificações que recebemos no smartphone viajam através dos servidores disponibilizados pelas duas gigantes da tecnologia — no caso dos iPhones, pela Apple e no caso dos Android, pela Google —, oferecendo-lhes um insight único do tráfego que flui de todas as aplicações presentes nos dispositivos.

Desde mensagens e SMS a um aviso de um golo da sua equipa de futebol favorita, estes alertas que nos chegam constantemente ao smartphone colocam as empresas “numa posição única para facilitar a vigilância governamental sobre como os utilizadores estão a usar aplicações específicas”, avisa Wyden.

Nesse âmbito, o senador pediu ao Departamento de Justiça para “revogar ou modificar quaisquer políticas” que impedissem discussões públicas sobre a espionagem de notificações push.

Apple e Google impedidas de falar

Tanto a Apple como a Google viram as declarações do senador norte-americano como uma oportunidade para partilhar mais detalhes com o público sobre como estes governos podem espiar as notificações de qualquer pessoa.

“Agora que este método se tornou público, estamos a atualizar o nosso relatório de transparência para detalhar estes tipos de pedidos”, refere a Apple em comunicado; a Google também disse que partilhava o “compromisso de Wyden em manter os utilizadores informados sobre estes pedidos”.

Já o Departamento da Justiça não recebeu a carta com o mesmo ânimo e recusou comentar a vigilância das notificações.

“Neste caso, o governo federal proibiu-nos de partilhar qualquer informação“, disse a Apple no mesmo comunicado.

Fonte da Reuters confirmou que tanto agências governamentais estrangeiras como dos EUA têm pedido à Apple e à Google metadados relacionados com notificações push para, por exemplo, ajudar a associar utilizadores anónimos de aplicações de mensagens a contas específicas da Apple ou da Google.

Apesar de não especificar quais os governos envolvidos, a fonte confirma: são democracias aliadas aos EUA.

O problema é complicado — e não é novo.

Apesar de serem frequentemente ignoradas, as notificações push são uma das “dores de cabeça” dos tecnólogos devido à dificuldade de as implementar nas aplicações sem enviar dados para a Google ou Apple; não são enviadas diretamente pela aplicação responsável, mas sim pelos sistemas operativos dos smartphones.

ZAP //

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