O Governo revelou (sem querer) o seu plano para gerir a crise, passo a passo

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

O primeiro-ministro, Luís Montenegro (E), conversa com o ministro da Presidência, António Leitão Amaro (D), durante a discussão da moção de censura do PCP ao XXIV Governo Constitucional, na Assembleia da República.

Entrega de respostas aos partidos hoje, entrevista a 3 TVs amanhã ou segunda-feira, “água que une”: Leitão Amaro mostrou acidentalmente o rascunho do plano do Governo para os próximos dias.

À conversa com o primeiro-ministro, durante o debate da moção de censura no Parlamento — que acabou rejeitada — o ministro da Presidência pareceu tentar esconder os seus lábios das câmaras, para que não se percebesse o que estava a dizer, mas acabou por revelar, inadvertidamente, muito mais do que aquilo que queria.

António Leitão Amaro tapou a sua cara com um papel que continha o plano preliminar do Governo para gerir a nova crise política que espera Portugal, após o anúncio de Luís Montenegro de uma moção de confiança que, a ser rejeitada — que deverá ser —, vai levar o país para eleições antecipadas.

O ministro foi fotografado “na hora H” a segurar a folha, que rapidamente começou a circular nas redes sociais. Esta quinta-feira, o Observador confirmou com fontes do Governo a veracidade do documento, embora se especule que se trate de um esboço provisório, sujeito a eventuais alterações.

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

O rascunho que Leitão Amaro segurava para cobrir a conversa com Montenegro revela os próximos passos do Executivo

O conteúdo do plano revela, por alto, algumas das estratégias de comunicação que o Governo tenciona seguir nos dias que se seguem, em 7 pontos, nos quais se lê:

4ª feira [5 de março]: “Debate moção” e “ministros tv”;

5ª feira [6 de março]: “Entrega respostas aos partidos”;

6ª feira [7 de março]: “CM [Conselho de Ministros] medidas”;

6ª/2ª feira [7/10 de março]: “Entrevista PM 3 tvs”;

E por fim, para a próxima semana: “Debate moção de confiança”.

Alguns pontos confirmam-se (como é o caso do Conselho de Ministros que terá lugar às 10h00 desta sexta-feira. Outros tratam-se de anotações do ministro da Presidência e coisas que podiam fazer parte do plano, mas que não tiveram seguimento, nomeadamente a entrevista às três televisões (possivelmente, RTP, SIC e TVI), diz fonte do Executivo à SIC.

Segundo o documento, Luís Montenegro — que tem sido constantemente acusado pela oposição de “fintar” perguntas fundamentais sobre o caso que, em apenas duas semanas, empurrou o país para uma crise política — entrega respostas aos partidos esta quinta-feira.

O documento parece ainda fazer referência às medidas a ser discutidas em Conselho de Ministros: “água que une”, infraestruturas e Proteção Civil.

A moção de censura apresentada pelo PCP esta quarta-feira foi rejeitada, com os votos contra do PSD, CDS e IL, a abstenção do PS e Chega e os votos a favor do PCP, Livre, BE e PAN.

O secretário-geral do PS Pedro Nuno Santos já anunciou que o principal partido da oposição vai chumbar a moção de confiança, o que fará cair o governo. Nesse cenário, é Marcelo Rebelo de Sousa que decide se haverá eleições. O presidente da República apontou esta quarta-feira uma data provável para a ida às urnas antecipada: “entre 11 a 18 de maio”.

Esta quinta-feira, Montenegro reforçou que o “desejável” era que não houvesse “uma perturbação política” no país; Marcelo também falou e disse querer a incerteza política “reduzida ao mínimo”.

Tomás Guimarães, ZAP //

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