Com a queda do presidente Omar al-Bashir no Sudão, um Governo militar provisório vai assumir o poder por dois anos. No entanto, os sudaneses manifestaram-se e rejeitam essa hipótese.
Omar al-Bashir esteve quase 30 anos no poder, ao longo dos quais foi acusado de crimes de guerra e genocídio. O até agora vice-presidente e ministro da Defesa, o general Ahmed Awad Bin Auf, anunciou esta quinta-feira que o regime de al-Bashir caiu. Com isto, será o próprio a comandar um Governo provisório durante dois anos.
Os sudaneses ainda celebram a queda de Omar al-Bashir, mas agora manifestam-se, recusando que um Governo militar assuma o controlo do país e exigem um Governo civil. As ruas de Cartum encheram-se com manifestantes que, segundo a Euronews, não aceitam uma governação tão longa do conselho militar e exigem um Governo civil de transição.
“Se não trouxerem um Governo civil que represente adequadamente o povo sudanês, a nossa revolução será incompleta e não representará as esperanças e sonhos do povo sudanês. Por essa razão, continuaremos a greve e ficaremos na praça, até que todas as nossas exigências legítimas sejam atendidas”, disse um dos manifestantes.
Segundo a agência de notícias do Sudão, as forças armadas declararam respeitar todos os tratados “regionais e internacionais” e trabalhar para “a preservação e a dignidade dos direitos humanos”, assumindo ainda um “compromisso com as relações de boa vizinhança, assegurando relações internacionais equilibradas, tendo em conta os interesses supremos do Sudão”.
No entanto, o povo sudanês não se mostra satisfeito e as suas pretensões são apoiadas pela União Europeia e pelos Estados Unidos da América, que pedem que seja feita uma “rápida transição” para um Governo civil.
Ahmed Awad Bin Auf anunciou que o Sudão ficará sob estado de emergência nos próximos três meses e que os presos políticos serão imediatamente libertados. Apesar das promessas do chefe militar, os sudaneses não depositam grande confiança em Bin Auf, que era vice-presidente de al-Bashir.
De acordo com a Associated Press, vários veículos militares foram enviados para junto das principais pontes sobre o Nilo, em Cartum, enquanto milhares de populares mantêm as concentrações de protesto em vários pontos da capital, sobretudo junto ao quartel-general do Exército.
O Comité Central de Médicos do Sudão, uma organização sindical da oposição, afirmou que aumentou para 22 o número de mortos, desde sábado, entre os quais cinco militares que defendiam os manifestantes dos elementos do corpo de polícia.
ZAP // Lusa