Em maio do ano passado, o Governo de Passos Coelho não terá dado sequência a uma oferta da Ample Harvest Investment Capital, que admitia pagar 700 milhões de euros pelas ações do Estado no Banif.
A informação, avançada esta quarta-feira pelo Público, dá conta de uma oferta pelo fundo de Hong Kong de 700 milhões de euros, que se traduziria numa perda de 15% para os contribuintes que, na altura, tinham verbas em risco de 825 milhões.
Segundo o jornal, a oferta enviada em meados de maio de 2015 foi ignorada pelo anterior Governo por considerar que “não era oportuna” e porque estava em mãos outro processo de venda mais importante: o do Novo Banco.
A coincidência de calendários entre as duas instituições bancárias e as prioridades políticas terão estado por trás da opção do anterior Executivo, e também do Banco de Portugal, de recusarem abrir um concurso público organizado de venda voluntária do Banif.
Sete meses depois, e já de acordo com a atuação do novo Governo, o banco madeirense acabou por ser alvo de uma resolução com um prejuízo para o Estado que pode chegar a três mil milhões.
Até agora, a intenção de aquisição por parte da Ample Harvest não foi referida em nenhuma das audições da Comissão Parlamentar de Inquérito à resolução do Banif, onde já estiveram a prestar esclarecimentos alguns dos protagonistas deste caso, tais como a ex-ministra Maria Luís Albuquerque, o governador do BdP Carlos Costa, o ex-responsável pela supervisão António Varela e os dois ex-presidentes da instituição, Luís Amado e Jorge Tomé.
Segundo o Público, a “carta” é do conhecimento de todos estes intervenientes e não consta sequer da extensa documentação remetida aos deputados pelas várias entidades.
A proposta, sujeita a um pedido de due dilligence que não terá agradado aos representantes do Estado, contemplava todo o perímetro da instituição, como a compra de toda a rede de balcões, a manutenção dos postos de trabalho do Banif e a seguradora Açoreana.
Porém, a ex-ministra Maria Luís Albuquerque considera que tanto esta proposta como outras que receberam na altura seriam apenas “meras manifestações de interesse”, adianta a Renascença.
“Era uma manifestação de interesse, como outras que nós recebemos. Como tive ocasião de explicar, entendemos que não havia condições para abrir um concurso – estávamos a preparar o processo de reestruturação para abrir o concurso de venda, que efetivamente aconteceu antes do final do ano. Aliás, o investidor em causa que é hoje referido nas notícias nem sequer veio a esse concurso”, explicou hoje a deputada aos jornalistas.
ZAP
Claro, o que interessava era esconder!…