No seu espaço habitual de comentário na SIC, Luís Marques Mendes revelou que o “Governo acabou com as quatro PPP na Saúde. A novidade que tenho para dar é a de que duas PPP vão voltar a ser PPP: Cascais e Loures”.
De acordo com o comentador, o processo de PPP do Hospital de “Cascais está mais avançado”. “O Governo vai lançar um novo concurso nos próximos dias ou semanas“, precisou, citado pelo ECO.
“O processo relativamente ao hospital de Loures [Beatriz Ângelo] não está tão adiantado”, comparativamente com o hospital de Cascais. No entanto, o objetivo passa por “também abrir concurso para uma nova PPP”, acrescentou. A atual gestão “estará em funções até janeiro de 2022”.
Segundo o ECO, a PPP de Loures foi a última das quatro a saber que não seria renovada. O Governo anunciou este mês a sua intenção de terminar o contrato relativamente ao hospital que é gerido pelo grupo Luz Saúde.
Em junho do ano passado, o Governo já tinha anunciado que não iria renovar o contrato de gestão da PPP de Vila Franca de Xira, devido à necessidade de introduzir modificações no contrato, incompatíveis com a atual redação e com as regras de contratação pública.
No ano passado, a PPP de Braga foi revertida para a espera pública. Além da PPP de Vila Franca e de Loures, também o hospital de Cascais é gerido por um grupo privado.
Candidatura de Ana Gomes causará “incómodos”
Marques Mendes afirmou que a ideia de Ana Gomes candidatar-se à Presidência – lançada pelo socialista Francisco Assis – começa a fazer o seu curso, “até porque o mérito de Ana Gomes nas denúncias sobre Angola é claro e indiscutível, foi corajosa e coerente”.
O comentador disse que se esta candidatura avançar criará enormes incómodos em vários sectores. “E um pequeno incómodo para a recandidatura do atual Presidente”, referiu, citado no domingo pelo Expresso.
Não pondo em causa a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa, a candidatura de Ana Gomes “pode fazer baixar um pouco o resultado eleitoral estratosférico que muitos previam”. Além disso, “é um grande incómodo para as candidaturas do PCP e do BE que vão ser esvaziadas por Ana Gomes que penetra fortemente nestes dois eleitorados”.
Marques Mendes frisou que seria também um “enorme incómodo para o PS de António Costa”, visto que seria uma candidatura imposta e não desejada pelo primeiro-ministro, que “foge completamente ao seu controle e é patrocinada pelos seus adversários internos”. É que Ana Gomes “era uma antiga apoiante de António José Seguro”, sublinhou.
Para o comentador, uma possível candidatura obrigaria “António Costa, muito provavelmente, a ter de mudar a sua estratégia presidencial e deixar cair a ideia de apoiar a recandidatura de Marcelo e tentar “arranjar” um candidato presidencial da área do PS para evitar apoiar Ana Gomes”.
Marques Mendes acrescentou que o PS e António Costa “vão ser, muito seguramente, os mais fragilizados com as eleições presidenciais próximas, podendo ter enormes divisões no seu eleitorado”.
CDS de Paulo Portas “acabou”
No dia em que foi escolhido Francisco Rodrigues dos Santos como novo líder, Marques Mendes defendeu que “o CDS tradicional, de Paulo Portas, dos últimos anos acabou”. “É uma mudança profunda. Vamos ter um CDS mais ideológico, porventura mais conservador, assumidamente de direita, eventualmente com uma maior aposta nos valores morais”.
A vitória de Rodrigues dos Santos “é uma vitória das bases contra os barões”. “É uma grande vitória de Francisco Rodrigues dos Santos”, que “tem mérito” porque “não era favorito”, mas em cada discurso que fazia “ganhava apoio”, destacou.
Na sua opinião, o novo presidente trouxe “emoção, coração, ilusão, criação, expectativa e ambição”. Rodrigues dos Santos “personificou bem o sinal dos tempos”, favoráveis “ao populismo” e “mostrou-se como um chefe”, mais do que João Almeida, defendeu.
Marques Mendes disse ainda que Manuel Monteiro, histórico centrista, vai regressar ao partido, o que é “simbólico”. Quanto às presidenciais, “vai haver a tentação de o CDS ter o seu próprio candidato presidencial”, para “mostrar autonomia e por causa do Chega”.
Para o comentador, a vitória de Rodrigues dos Santos terá também consequências “no grupo parlamentar”, nomeadamente com a possível “tentação de correr com Cecília Meireles para que o líder entre”. “Se isso acontecer é um erro porque Cecília Meireles é provavelmente das duas ou três melhores deputadas que há no Parlamento”.
Considerou ainda que o CDS terá dificuldades nas próximas eleições devido ao Chega e ao Iniciativa Liberal (IL). “O CDS já teve no passado 4%, mas isso foi em tempos conjunturais quando Cavaco Silva e o PSD tinha 50%. Agora o PSD nem sequer tem 30% e o CDS tem 4%, ou seja, o Chega e o IL são dificuldades e, portanto, o mais difícil está para vir”.
Isabel vai ter de abandonar Angola por muitos anos
Durante o comentário, Marques Mendes defendeu que as consequências da investigação ‘Luanda Leaks’, que envolve a empresária angolana Isabel dos Santos, foram bem maiores do que ele próprio imaginava.
Primeiro, indicou o comentador, por causa de demissões nas diferentes entidades; em segundo pelo anúncio de venda de participações, no Eurobic e na Efacec; em terceiro, pelo avanço das investigações criminais em Angola que passaram para o foro criminal e porque “começou o princípio do fim do império de Isabel dos Santos”.
“Isabel dos Santos vai acabar erradicada de Angola e que vai ter de abandonar, definitivamente ou por muitos anos, aquele país”, estando “completamente cercada pela justiça cível, pela denúncia mediática e pela justiça criminal”. E, “se entrar em Angola, pode ser detida”, referiu Marques Mendes.
O comentador considera que esta não tem alternativa a não ser “negociar com o Estado angolano, entregando vários bens e activos às autoridades, desfazer-se dos bens e ativos restantes e deixar Angola” em definitivo e ir reconstruir a sua vida no Dubai, Rússia, Singapura ou destinos semelhantes.
“Haverá cooperação de Portugal com Angola, o que quer dizer que poderá haver investigações próprias e autónomas da justiça portuguesa”, continuou, apontando que Isabel dos Santos terá de vender os seus ativos nas empresas.
Quanto às vendas do Eurobic e da Efacec, os casos mais urgentes, não serão “nem fáceis, nem rápidas”. Para Marques Mendes, a administração do Eurobic esteve bem” ao tomar medidas inéditas e positivas para salvar o Banco, “evitar fugas de depósitos e isolar a instituição do seu acionista tóxico”. Mas critica a transferência solicitada pela Sonangol, em 2017, não tendo cumprido as regras do branqueamento de capitais, frisou.
“Nas circunstâncias em que a operação foi efetuada e com o dinheiro a ir para um paraíso fiscal, acho que o banco devia ter comunicado a operação à Unidade de Informação Financeira da PJ”, esclareceu, concluindo que, no futuro, Isabel dos Santos terá de vender também as suas participações na NOS e na Galp.
Por mim acho que o Tino também deve candidatar-se a presidente… a bem das calçadas e passeios nacionais.