Governo quer acabar com exceção para brasileiros e timorenses nos pedidos para imigrar

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Lusa

A medida pretende acabar com a exceção atual que permite que brasileiros e timorenses venham para Portugal como turistas e sem autorização de residência.

O Governo está a preparar uma revisão significativa da política de imigração, com foco nas autorizações de residência concedidas a cidadãos brasileiros e timorenses.

Atualmente, estes cidadãos podem entrar em Portugal como turistas, sem necessidade de visto, e posteriormente solicitar uma autorização de residência — um privilégio estabelecido por acordos bilaterais e que não se aplica a outros países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). No entanto, esta possibilidade tem originado milhares de processos judiciais e entupido a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).

A nova proposta do Governo prevê que, para obterem autorização de residência, os cidadãos destes dois países terão de entrar no país já com o visto adequado, seja para fins de trabalho ou residência. Embora a entrada turística sem visto continue permitida, essa via deixará de permitir a posterior regularização da estadia.

Esta medida foi já discutida com o Presidente do Brasil, Lula da Silva, durante a Cimeira Brasil-Portugal, e não implica alterações ao acordo da CPLP nem aos vistos consulares associados. A intervenção do Governo limita-se a pedidos feitos já em território nacional, sem base legal de entrada, refere o Expresso.

Além disso, o próximo Conselho de Ministros trará mudanças profundas nas leis da nacionalidade e do reagrupamento familiar. O tempo mínimo de permanência legal em Portugal para acesso à cidadania poderá passar dos atuais 5 para até 10 anos e será reforçada a necessidade de demonstrar uma ligação efetiva ao país.

O executivo quer ainda a perda de nacionalidade para cidadãos condenados a penas superiores a três anos, mediante decisão judicial, apesar de uma medida semelhante já ter sido considerada inconstitucional pelo Parlamento.

No reagrupamento familiar, o Governo pretende endurecer as condições, impedindo que estrangeiros tragam familiares de fora de Portugal exceto em casos específicos, como menores já residentes no país.

Com o objetivo de “fechar o dossiê” das regularizações pendentes, o Executivo pretende redirecionar a política migratória para atrair talento altamente qualificado, incluindo portugueses emigrados e lusodescendentes. Uma das medidas será a concessão de vistos para procura de trabalho apenas a candidatos com elevadas qualificações. Ao mesmo tempo, está prevista a implementação de políticas de integração, especialmente na educação, onde já há 140 mil alunos estrangeiros nas escolas portuguesas

ZAP //

17 Comments

  1. Nada nesta iniciativa resolverá o problema, o que tem de se feito é a anulação da nacionalidade Portuguesa (salvo excepções) atribuída aos Estrangeiros que estão a ser deslocados para Portugal desde 2012 sem qualquer critério ou justificação e iniciar o respectivo repatriamento.

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  2. Este governo, influenciado pelo Chega, não percebe que Portugal tem todo o interesse em facilitar a imigração e a naturalização de pessoas oriundas dos países da CPLP. Porque falam português e facilmente se integram na nossa sociedade. Se, por causa da baixa natalidade, precisamos de imigrantes, estes são os imigrantes que nos interessam. E por isso a sua legalização deve ser facilitada, e a sua naturalização realizada assim que possível, talvez apenas um ano depois da sua legalização. O que significará que os portugueses que emigrem para os países da CPLP teriam iguais benefícios.

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  3. A medida anunciada pelo Governo, embora possa parecer um passo na direção certa, peca por não resolver o verdadeiro problema de fundo. A atribuição facilitada de autorizações de residência e, sobretudo, a perspetiva de nacionalidade automática, mesmo que a prazo, continua a ser profundamente desajustada.
    O que tem de acontecer é, com a maior brevidade possível, o repatriamento dos imigrantes que se encontrem em situação irregular, independentemente da nacionalidade. A permanência em Portugal deve respeitar a legalidade desde o primeiro momento e não pode ser tolerado um sistema que favorece a entrada sem visto, com posterior regularização quase garantida.
    A nacionalidade portuguesa deve ser uma exceção, não uma consequência automática da residência. Deve ser atribuída apenas em casos muito específicos e excecionais, devidamente fundamentados, e sempre conjugada com provas concretas de integração e conhecimento da cultura, da história e da língua portuguesa.
    Importa também reafirmar o princípio essencial de que quem chega a Portugal deve adaptar-se à cultura portuguesa, e não o contrário. A integração deve respeitar os valores e normas da sociedade que acolhe — e não transformar essa sociedade para se moldar às exigências de quem chega.
    Portugal precisa de uma política de imigração rigorosa, clara e justa, que proteja a sua identidade cultural, o seu tecido social e a sustentabilidade dos seus serviços públicos. Medidas a meio caminho como esta, infelizmente, continuam a perpetuar um modelo que tem falhado em garantir controlo, integração eficaz e respeito pela legalidade.

    • “..A nacionalidade portuguesa deve ser uma exceção…”

      Brilhante! Quando se pretende promover a integração dos imigrantes na nossa sociedade, a melhor maneira de o conseguir é impedindo que se tornem portugueses, usufruindo de todos os direitos e deveres de qualquer cidadão. Para que se sintam ostracizados e mais facilmente recorram à criminalidade…

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      • Lamento dizer que revela uma visão bastante redutora e irrealista sobre o que é a nacionalidade e o seu papel na preservação da identidade cultural de um país. A nacionalidade portuguesa não deve ser vista como um ato de simpatia ou de inclusão simbólica, mas sim como um compromisso profundo com a história, os valores, a cultura e a língua do país. Promover a integração não é o mesmo que distribuir nacionalidade como forma de acolhimento, isso apenas banaliza o conceito de cidadania e compromete a coesão social.
        A verdadeira integração implica respeito e adaptação à cultura do país que acolhe, não a sua diluição. O que está em causa não é ostracizar, mas sim garantir que quem deseja viver em Portugal compreenda e aceite os princípios que estruturam a nossa sociedade. A residência legal pode e deve ser possível, com direitos e deveres, mas a nacionalidade deve ser reservada a quem demonstra uma ligação efetiva, duradoura e consciente a Portugal, e isso inclui provas de integração cultural, linguística e cívica.
        Por fim, insinuar que a não atribuição de nacionalidade levará inevitavelmente à criminalidade é uma leitura injusta e alarmista, que desvaloriza quer os imigrantes cumpridores, quer o Estado de Direito.
        A nacionalidade é mais do que um documento: é uma pertença. E como tal, deve ser tratada com seriedade, critério e responsabilidade.

        • Passámos toda a nossa história diluir a cultura dos que já cá estavam para integrar elementos da cultura dos que chegavam. Somos o que somos porque soubemos integrar celtas, íberos, fenícios, romanos, visigodos, suevos, judeus, berberes e mais uns quantos africanos e asiáticos. No ser português há um bocadinho de cada um desses povos e das suas culturas. Se o continuarmos a fazer mudaremos um bocadinho, mas seremos sempre portugueses que amam o seu país. Não fico nada preocupado se houver entre nós menos loiros de olhos azuis, e tivermos todos a pele um nadinha mais escura… Pouparemos nos bronzeadores…

  4. O Brasil deve tomar atitudes semelhantes e nais rigorosas com porrugueses e qualquer outro estrangeiro, pois sempre tratamos muito bem a todos, mas em troca recebemos este tratamento excludente. Devemos, nos brasileiros, pagarmos na mesma moeda, chega de sermos “bonzinhos”.

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  5. E, consta que são os maiores absorventes dos Apoios de Estado na compra de casa, no Ambito das medidas para Jovens ate os 35 ANos, MORMENTE a usarem o Aval do Estado da compra de casa.
    Isto é uma perversão do “sentido” da Lei, para o fim a que foi criado, um abuso do expediente.
    A brazucada toda vem para cá à procura de Dinheiro, e não olham a meios para atingirem os funcios, poem todos os malabarismos e imaginação a funcionar para os seus fins.
    APesar da aparente boa disposição e amigabilidade, estão a “torcer” noutra.
    PT com essa da Imigração demontra bem a Rebaldaria da Lei, Justiça e Protecão dos Interesses Nacionais.

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    • Será que o Lusitano acha que os portugueses são melhores do que os brasileiros? Mais trabalhadores, mais honestos, mais dedicados à comunidade? Se acha, desengane-se. Entre os brasileiros, como entre os portugueses, há bons, há maus e há indiferentes. Mas podemos facilmente constituir uma comunidade solidária e respeitadora dos mesmos valores. Por mim, são muito bem vindos.

  6. “Uma das medidas será a concessão de vistos para procura de trabalho apenas a candidatos com elevadas qualificações.”

    Candidatos com elevadas qualificações para ganhar o ordenado mínimo na restauração e hotelaria.
    Não faltarão candidatos.

  7. Uma exceção que nunca deveria ter existido, para ninguém! Um turista é um turista e a finalidade é fazer turismo…

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  8. Se não houvesse esta facilidade de virem os Brasileiros para Portugal, eu não tinha operacionais na minha oficina, pois os Portugueses não querem trabalhar em oficinas. Já tinha fechado a Empresa.

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