Glaciares dos Himalaias fundem “dez vezes mais rápido que nos últimos séculos”

Os glaciares dos Himalaias estão a derreter cada vez mais rápido e põem em causa o abastecimento de água de milhões de pessoas na Ásia.

De acordo com um estudo da Universidade de Leeds, em Inglaterra, os glaciares dos Himalaias estão a derreter dez vezes mais rápido nas últimas décadas, do que há 400-700 anos atrás, na época conhecida por Pequena Idade do Gelo.

De acordo com o Phys Org, os glaciares da zona estão a diminuir muito mais rápido que os de qualquer outro lugar do mundo.

O estudo, publicado a 20 de dezembro na Scientific Reports, compara o tamanho e a superfície de 14.798 glaciares dos Himalaias durante o Pequena Idade do Gelo com os de agora, e calcula que perderam cerca de 40% de área, passando de 28.000km2 para 19.600 km2.

Durante o intervalo de tempo estudado, os investigadores também concluíram que desapareceram entre 390 km3 e 586 km3 de gelo, o equivalente ao que os Alpes da Europa centra, o Cáucaso e a Escandinávia têm, em conjunto.

A água resultante do degelo subiu os níveis dos oceanos à volta do mundo, entre 0,92 e 1,38 milímetros, segundo os cálculos da equipa de investigação.

Jonathan Carrivick, autor do estudo e chefe do departamento de Geografia na Universidade de Leeds, explica que “as descobertas mostram que o gelo dos glaciares dos Himalaias está a derreter pelo menos dez vezes mais rápido que a taxa média dos séculos passados”.

“Esta aceleração na perda de gelo só surgiu nas últimas décadas, e coincide com as alterações climáticas induzidas pelo Homem“, acrescenta.

A cordilheira dos Himalaias detém a terceira maior quantidade de glaciares do mundo, depois da Antártida e do Ártico, e é frequentemente chamada de “terceiro polo”.

A aceleração do processo de derretimento dos glaciares tem grandes implicações no abastecimento de água de milhões de pessoas que dependem dos principais sistemas fluviais da Ásia, para terem alimentos e energia. As principais instalações situam-se nos rios de Brahmaputra, Ganges e Indus.

Os investigadores utilizaram imagens de satélite e modelos de elevação digitais, para recriar os limites dos glaciares há 400-700 anos.

As imagens revelaram as marcações dos limites dos antigos glaciares e, através da geometria destes contornos permitiu delinear as superfícies de gelo.

Em comparação com as superfícies atuais, conseguiu determinar-se o volume dos glaciares e as perdas de massa entre a Pequena Idade do Gelo e a atualidade.

As massas espessas de gelo estão a perder volume mais rápido na regiões orientais, sendo que o estudo sugere que esta variação se deve a diferenças geográficas dos dois lados da cordilheira, que possuem padrões meteorológicos diferentes.

Os glaciares dos Himalaias também estão a desaparecer mais rapidamente nas zonas que terminam em lagos, onde há efeitos diferentes de aquecimento, que aquelas que terminam em terra.

A quantidade e a dimensão destes lagos está a aumentar cada vez mais, o que pode resultar na aceleração contínua do degelo.

Também os glaciares que têm possuem quantidades significativas de resíduos naturais na sua superfície, estão a perder massa mais rapidamente.

Contribuíram com cerca de 46,5% da perda de volume total, apesar de representarem apenas cerca de 7,5% do número total de glaciares.

Jonathan Carrivick realça que, “embora tenhamos que agir rapidamente para reduzir o impacto das alterações climáticas nos glaciares, também se devem ter em conta fatores como a influência dos lagos e detritos naturais”.

Simon Cook, co-autor do estudo, nota que “as pessoas da região já estão a assistir a mudanças, para além de tudo aquilo que foi testemunhado durante séculos”.

“Esta investigação é apenas a mais recente confirmação de que essas mudanças estão a acelerar e terão um impacto significativo em nações e regiões inteiras“, conclui o investigador.

ACL, ZAP //

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