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A pensar nas gerações futuras, o GitHub guardou todo o seu software de código aberto num “Cofre do Apocalipse”

A plataforma de hospedagem de código GitHub guardou todo o seu arquivo de software de código aberto num “Cofre do Apocalipse”, no Ártico, para que as gerações futuras possam aceder-lhe, mesmo que a civilização entre em colapso nos próximos 1.000 anos.

Num isolado arquipélago ártico, o Svalbard Global Seed Vault – também conhecido como o “Cofre do Apocalipse” da Noruega – guarda mais de um milhão de amostras de sementes num bunker, projetado para ser o maior repositório mundial de sementes.

Porém, o Svalbard guarda mais do que apenas sementes. Na mesma montanha, uma mina de carvão abandonada é agora um esconderijo vital, o Arctic World Archive, e preserva os dados do mundo de hoje para um amanhã incerto.

O Arctic World Archive foi inaugurado em 27 de março de 2017. Lá, estão guardados os registos do Vaticano, filmes e uma vasta gama outros arquivos digitais.

A instalação acabou de receber uma nova contribuição. O GitHub, muitas vezes considerado o maior host de código-fonte aberto do mundo, transportou com êxito todos os seus repositórios de códigos públicos ativos para o Arctic World Archive.

“A nossa missão é preservar o software de código aberto para as gerações futuras, armazenando o seu código num arquivo construído para durar mil anos”, explicou a diretora de programas estratégicos do GitHub Julia Metcalf, em comunicado.

O projeto, anunciado pela primeira vez no ano passado, já viu uma remessa chegar ao Svalbard no final de 2019, com um depósito de seis mil dos repositórios mais significativos de código-fonte aberto da plataforma.

A nova remessa, minuciosamente gerida durante as paralisações e encerramentos de fronteiras devido à pandemia de covid-19, vai mais longe, preservando 21 terabytes de dados, gravados em 186 rolos de um filme digital de arquivo chamado piqlFilm.

O filme, composto de halogenetos de prata sobre poliéster, parece uma impressão miniaturizada de códigos QR. Porém, cada frame está apertado em cerca de 8,8 milhões de pixels microscópicos, e cada rolo é executado por quase um quilómetro.

Os dados, projetados para durar 500 anos, com simulações a sugerir que durarão duas vezes mais – está agora armazenada a 250 metros de profundidade, num contentor com paredes de aço dentro de uma câmara selada no Arctic World Archive.

“É fácil imaginar um futuro no qual o software de hoje é visto como uma irrelevância singular e há muito esquecida, até que surja uma necessidade inesperada“, lê-se no site do GitHub Archive. “Como qualquer backup, o GitHub Archive Program também se destina a futuros imprevisíveis atualmente”.

Nesses futuros imprevisíveis, é difícil saber exatamente o que os futuros humanos farão com o conteúdo codificado do arquivo ou como poderão aceder-lhe ou usá-lo.

Por esse motivo, o cofre também conterá um rolo separado, legível por humanos, chamado “Árvore Tecnológica”, que explica a história técnica e o contexto cultural do conteúdo do arquivo. A Árvore Tecnológica mostrará aos futuros seres humanos o mundo do código-fonte aberto do século XXI.

“Também incluirá trabalhos que explicam as várias camadas de fundações técnicas que tornam possível o software: microprocessadores, redes, eletrónica, semicondutores e até tecnologias pré-industriais”, explicou Metcalf. “Isso permitirá que os herdeiros do arquivo compreendam melhor o mundo de hoje e as suas tecnologias e pode até ajudá-los a recriar computadores para usar o software arquivado”.

ZAP //

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