O cofundador e presidente executivo do Snopes.com reconheceu ter plagiado dezenas de artigos de vários media ao longo de anos, definindo estas apropriações de “sérios lapsos de discernimento”
De 2015 a 2019, e provavelmente até antes, David Mikkelson incluiu material retirado do “Los Angeles Times”, “The Guardian” e de outros jornais para aumentar o tráfego na Internet do site de fact-checking Snopes.com, de acordo com o BuzzFeed News, que revelou a história esta sexta-feira.
Para recolher o material plagiado, Mikkelson usou o próprio nome, uma assinatura genérica do Snopes e um pseudónimo. Entre o material recolhido encontram-se frases isoladas e parágrafos inteiros sobre temas como casamento entre pessoas do mesmo sexo e a morte de David Bowie, sem citar as fontes, afirmam o BuzzFeed e o próprio Snopes.
Mikkelson foi suspenso da produção editorial até conclusão de um inquérito interno, mas continua como presidente executivo e com 50% da empresa, de acordo com uma declaração da administração do Snopes.
“Sejamos claros: o plágio prejudica a nossa missão e valores, ponto final. Não tem lugar em qualquer contexto dentro desta organização”, refere o Snopes, em comunicado.
Num outro comunicado, oito jornalistas do Snopes condenam as ações de Mikkelson. Mas antigos colaboradores disseram ao BuzzFeed que Mikkelson encorajava, de forma rotineira, a prática como uma forma de fazer o Snopes parecer mais rápido do que realmente era.
Mikkelson não respondeu ao email enviado pela Associated Press (AP) a pedir um comentário sobre o assunto este sábado, mas disse ao BuzzFeed que o seu comportamento foi devido à falta de experiência formal em jornalismo.
“Não tenho formação em jornalismo”, começou por justificar Mikkelson. “Não estava habituado a agregar notícias. Várias vezes cruzei a linha de violação de direitos de autor”, admitiu.
Criado em 1994 sob um nome diferente por Mikkelson e a então sua mulher, Barbara Hamel, o Snopes ganhou dois Webby Awards e serviu como um dos parceiro de verificação de factos do Facebook entre dezembro de 2016 e fevereiro de 2019, recorda o BuzzFedd News.
Recentemente, o site tem sido foco de uma batalha contenciosa pela sua propriedade, travada entre Mikkelson e a empresa que comprou a parte das ações detidas por Hamel.
O BuzzFeed News sinalizou histórias de vários media, entre os quais o The New York Times, CNN, NBC News e BBC. Seis foram publicados originalmente sob o pseudónimo de Jeff Zarronandia, três sob o nome de Mikkelson e os restantes como “equipa Snopes”.
Por sua vez, o Snopes adiantou ter identificcado 140 histórias com possíveis problemas, incluindo 54 que incluíam material apropriado. Também foi citado material da AP, mas as histórias não foram especificadas.
// Lusa