Numa carta assinada pelo fundador do Bloco de Esquerda, mas também por nomes como Thomas Piketty e Mark Blyth, propõe-se a emissão de dívida conjunta (Eurobonds) para financiar o esforço de resposta ao Covid-19.
Os economistas defendem, de acordo como semanário Expresso, que a crise da Covid-19 poderá “destruir a zona Euro”, recordando que o Banco Central Europeu “afirmou que faria o que for necessário” e que “nenhum Estado membro deveria ter de recorrer a um bail-out ou assinar um novo memorando para acesso a fundos de emergência”.
Em tempo de “solidariedade”, os signatários da carta pedem um “instrumento comum de dívida” para mutualizar os custos, uma vez que o impacto do surto atingirá, expetavelmente, toda a Europa. Isto é uma crise europeia, exige uma solução europeia”.
O argumento é usado para apoiar a emissão de obrigações de dívida europeia durante a crise do Covid-19 e pode ler-se numa carta aberta dirigida ao Conselho Europeu e assinada por 300 economistas, entre os quais o português Francisco Louçã.
A proposta voltou a estar em cima da mesa esta semana, quando Angela Merkel admitiu, numa reunião extraordinária do Conselho Europeu, estudar soluções para partilhar os custos da crise a nível europeu. Na terça-feira, António Costa defendeu esta solução no encontro de líderes europeus da passada terça-feira.
Esta hipótese começou por ser levantada pelo primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte. A chanceler alemã terá assegurado que tinha pedido ao seu ministro das Finanças para analisar a situação.
Carlos Costa defende emissão de eurobonds
Para Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, a situação de emergência que se vive em Portugal e na maior parte dos países europeus justifica a emissão de Eurobonds.
“Do lado orçamental, tratando-se de um desafio comum, o financiamento do esforço necessário para a resposta sanitária e para as políticas de apoio à economia em cada um dos Estados-membros deve, por isso, beneficiar de medidas inovadoras e de caráter excecional, como seja a emissão de títulos de dívida comunitários, as denominadas Eurobonds. Trata-se de uma situação claramente talhada para o financiamento no plano comunitário, na medida em que não existe risco moral e o interesse é comum”, escreve Carlos Costa, num texto de opinião publicado no Jornal Económico.
O governador defende ainda que o Estado deve conceder garantias aos bancos para que estes possam continuar a emprestar dinheiro às empresas e às famílias afetadas pela pandemia.
João Moreira Rato, ex-presidente do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, assegura, em declarações ao Jornal Económico, que Portugal tem almofada financeira até setembro.