França tem 70.000 empregos agrícolas por ocupar. A HECTAR quer formar jovens preparados para uma nova era da agricultura, baseada na tecnologia.
Ancinhos, inchadas e tratores conduzidos por um sexagenário. Estamos habituados a olhar para a agricultura como uma atividade envelhecida, na qual apenas os mais velhos conhecem os cantos à casa e recaem nela para seu próprio sustento. A verdade é que este paradigma está a mudar e uma nova fornada de agricultores está a emergir.
Em França, uma antiga quinta na região de Yvelines, a oeste de Paris, é agora usada como campus para jovens aprenderem a programar robôs capazes de colher plantações. O futuro das vinhas e das quintas pertencerá ao big data e os investidores privados farão parte delas, escreve o The New York Times.
Em mais de 600 hectares às portas de Paris, a HECTAR consiste num campus de treino, uma startup e aceleradora de inovação, uma quinta-piloto em agricultura regenerativa, com espaços de coworking, seminários e sensibilização para jovens.
Os seus alunos estudam técnicas lucrativas para reverter as alterações climáticas através da agricultura e monitorizam os animais com um aparelho que mede os seus sinais vitais.
França atravessa uma crise de falta de agricultores. “Precisamos de atrair toda uma geração de jovens para mudar a agricultura, produzir melhor, com menos custos e mais inteligência”, disse Xavier Niel, um bilionário francês que é o principal financiador da HECTAR. “Para fazer isso, temos que tornar a agricultura sexy”.
Metade dos agricultores franceses tem mais de 50 anos e deverá reformar-se na próxima década, deixando cerca de 160.000 quintas em aberto. Há 70.000 empregos agrícolas por preencher, com os jovens pouco interessados em aventurar-se na agricultura.
A imagem da agricultura como um trabalho intensivo e mal remunerado afasta a juventude. Apesar da grande fatia de fundos comunitários que os agricultores franceses recebem, quase um quarto deles vive abaixo da linha de pobreza.
“Se você disser que precisa de trabalhar 24 horas por dia, sete dias por semana, isso não funcionará”, disse Audrey Bourolleau, fundadora da HECTAR e ex-conselheira agrícola de Emmanuel Macron. “Para que haja uma nova cara da agricultura para amanhã, é necessário que haja uma revolução social”.
A HECTAR quer atrair 2 mil jovens, munindo-os com as ferramentas necessárias para se tornarem agricultores-empreendedores capazes de produzir empreendimentos sustentáveis e atrair investidores. O objetivo é criar negócios lucrativos enquanto deixam os fins de semana de vago para descansar.
Jovem, se queres um trabalho duro, onde recebes mal, e cada vez que a meteorologia der cabo do trabalho ficas nas lonas, e quando corre bem ainda assim mal dá para sobreviver e o estado persegue-te como se fosses um malandro: vem para a agricultura! Um emprego onde o não sucesso está garantido, ou te tramas pelo tempo, ou pelos compradores ou pelo estado… é só escolher.
Caro Daniel,
Como já diziam os velhos: Mais vale uma mão inchada do que uma enxada na mão. Com uma “inchada” nem os velhos nem os nerds se safam. Bom sucesso na sua atividade!