Um fóssil com seis milhões de anos de uma baleia-de-bico, já extinta, encontrado nos Açores, pode ser visitado a partir desta segunda-feira no Museu da Fábrica da Baleia de Porto Pim, na ilha do Faial.
Na inauguração da exposição, organizada pelo Observatório do Mar dos Açores, integrada no Dia Internacional dos Museus e Centros de Ciência, estiveram presentes dois investigadores da equipa que estudou o fóssil — o paleontólogo João Muchagata Duarte e o biólogo Rui Prieto — e o armador Jorge Gonçalves, da embarcação de pesca Manuel de Arriaga, cuja tripulação o encontrou acidentalmente.
O fóssil pertencente à espécie Tusciziphius atlanticus, que habitou o Atlântico na passagem do Miocénico para o Pliocénico, há 3,6 e 7,3 milhões de anos, segundo o Observatório do Mar dos Açores foi encontrado em outubro de 2017 quando a embarcação Manuel de Arriaga, ao içar o aparelho de pesca na zona do banco Açor, encontrou um objeto estranho que “parecia feito de pedra, tinha um som metálico e a forma aproximada de um crânio de golfinho”.
O armador Jorge Gonçalves decidiu então mostrar o achado aos investigadores do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, que começaram a investigação, permitindo apurar novos dados sobre a biodiversidade dos cetáceos dos Açores e sobre a história natural do arquipélago.
De acordo com o Observatório do Mar dos Açores, em comunicado, o corpo do cetáceo “terá ficado depositado na encosta do banco Açor, onde, numa primeira fase, terá sido devorado por tubarões e outros animais necrófagos, incluindo vermes marinhos que se alimentam de ossos”, tendo a atividade sísmica “soterrado o esqueleto da baleia”.
“Muito tempo mais tarde, e devido à ação de correntes marinhas, o crânio, agora já fossilizado, ficou novamente exposto”, adiantam os especialistas.
Este é o primeiro fóssil da espécie encontrado na região, sendo que os restantes foram registados na costa ocidental da Península Ibérica (quatro) e um na costa oriental dos Estados Unidos. A datação do fóssil, com idade máxima estimada de seis milhões de anos, foi calculada com recurso a cruzamento de dados geológicos, químicos e outros.
Este tipo de baleia mergulhava a grandes profundidades, usava a ecolocalização e era “bastante esquiva, comparada com outros cetáceos”.
ZAP // Lusa