A agência de notação financeira Fitch reafirmou a avaliação à dívida soberana portuguesa em ‘BBB+’, com perspetiva estável. PIB deve crescer 1,3%.
A Fitch destaca, num comentário associado à avaliação, a redução do défice orçamental para 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, mas prevê que suba para 1,2% este ano, devido a uma redução da receita dos impostos e ao aumento da despesa e uma economia “enfraquecida”, antes de voltar a cair em 2024.
A redução do rácio da dívida pública face ao PIB também é assinalada pela agência norte-americana, que prevê que caia de 113,9% em 2022 para 109,1% este ano e para 105,4% em 2024.
“Apesar desta tendência de queda, o endividamento do Governo continua a ser o segundo mais alto na categoria de ‘rating’ ‘BBB’ e a nossa projeção para 2024 é quase duas vezes a mediana da categoria (cerca de 56%)”, acrescenta.
Apesar de esperar um crescimento mais fraco no primeiro semestre deste ano, acredita numa retoma da atividade a partir do segundo semestre, suportada pelo investimento público, com uma execução mais rápida dos fundos europeus e a melhoria das perspetivas económicas nos principais parceiros comerciais de Portugal.
Deste modo, revê em alta a previsão de crescimento do PIB português de 1% para 1,3% este ano, esperando uma taxa de 2,4% em 2024.
Prevê ainda que a inflação caia “acentuadamente” devido à redução dos preços da energia e atinja 5,5% este ano, antes de cair para 2,9% em 2024.
Os analistas da Fitch alertam, contudo, que uma recessão económica severa ou um choque externo que levasse a uma reversão na trajetória descendente da dívida pública ou a um aumento sustentado do endividamento do setor público poderia levar a uma revisão em baixa da avaliação da agência.
Por outro lado, uma redução continuada e substancial dos níveis da dívida pública e/ou “evidências” de melhores perspetivas de crescimento a médio prazo, “por exemplo, suportadas pela implementação de reformas estruturais” são fatores que podem, individualmente ou coletivamente, levar a uma melhoria de ‘rating’.
Em outubro do ano passado, a Fitch melhorou o ‘rating’ de Portugal de ‘BBB’ para ‘BBB+’, justificando a decisão com o facto de Portugal ter uma “política orçamental prudente, apesar dos choques externos significativos” e os indicadores de governação e o PIB ‘per capita’, acima da média dos seus pares.
A próxima agência prevista pronunciar-se sobre Portugal é a Moody’s, em 19 de maio.
O ‘rating’ é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
Os calendários das agências de ‘rating’ são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.
// Lusa