Onze doadores norte-americanos deram mais de 3,7 milhões de dólares a grupos de direita no Reino Unido que se impuseram no debate sobre o Brexit e o futuro do comércio britânico com a União Europeia.
O The Guardian avança esta sexta-feira que onze doadores norte-americanos deram mais de 3,7 milhões de dólares, cerca de 3,36 milhões de euros, nos últimos cinco anos, a grupos de direita no Reino Unido que se impuseram no debate sobre o Brexit e o futuro do comércio britânico com a União Europeia.
Os financiadores, entretanto identificados, levantam grandes preocupações sobre a influência do financiamento estrangeiro na política britânica.
Estas doações foram concedidas a quatro think tanks (grupos de reflexão) e a uma organização que diz ser independente e representar os contribuintes britânicos comuns.
O jornal analisou documentos fiscais norte-americanos e outras declarações públicas e compilou uma lista parcial de doadores americanos a grupos britânicos desde 2014. Algumas doações foram tornadas públicas, mas estes grupos têm uma política de não divulgação dos seus doadores, por respeito à privacidade dos seus apoiantes. Só as tornam públicas quando assim é a vontade dos próprios doadores.
Os críticos defendem que os grupos britânicos não são totalmente transparentes sobre quem os financia. Entre eles, segundo o Expresso, estão incluídos o Institute of Economic Affairs (IEA), o Policy Exchange e o Instituto Adam Smith. Este último instituto incorpora um conjunto de think tanks que alavancaram algumas das privatizações mais controversas dos Governos conservadores de Margaret Thatcher e John Major.
Os doadores incluem fundações financiadas pelas fortunas de homens de negócios, incluindo a Chase Foundation do estado da Virgínia e a Rosenkranz Foundation.
Muitos deles doaram quantias avultadas a uma série de grupos americanos com a mesma orientação política e que, à semelhança dos grupos britânicos, promovem uma agenda de um mercado livre com impostos baixos, negócios pouco regulamentados e a privatização de serviços públicos, acrescenta o jornal britânico.
Em fevereiro deste ano, a reguladora Charity Commission fez um aviso formal ao IEA pela falta de equilíbrio e neutralidade num relatório que defendia uma saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo.
A advertência acabou por ser retirada e o relatório republicado com edições. Na sua versão original, o documento era apoiado por proeminentes deputados conservadores como o antigo ministro para o Brexit David Davis e o atual líder da Câmara dos Comuns, Jacob Rees-Mogg.
Ora aí está. Gato escondido sempre lhe aparece o rabo. Há muito que vem parecendo estranho o fervor de Boris Johnson num brexit à bruta. Deve estar a ser bem pago por gente que não tem interesse nenhum numa Europa economicamente forte.