O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, sublinhou hoje que o fim do programa de assistência financeira de Portugal “não significa autorização” para voltar à irresponsabilidade financeira.
“O fim do programa de assistência financeira não significa autorização para voltar à irresponsabilidade financeira. Não podemos nem devemos voltar à irresponsabilidade financeira”, disse Paulo Portas, nas notas finais da Conferência ‘The Lisbon Summit’, organizada pela revista The Economist, que terminou hoje no Hotel Cascais Miragem.
O vice-primeiro-ministro frisou que Portugal “não pode viver em excepcionalidade permanente“, defendendo que é necessário “definir o que é a nova e o que o Estado pode garantir e com que meios”.
Numa intervenção marcada por exemplos da recuperação de Portugal no último ano, Paulo Portas respondeu àquela que considera ser a principal pergunta: “Quem nos garante que como sociedade não voltaremos a passar por uma experiência como esta? Porque aprendemos as lições“, nomeadamente de que é preciso manter a despesa sob controlo e haver “capacidade de entendimento político e diálogo social”.
Entre os vários indicadores positivos da melhoria económico-financeira do país e da transição para um novo ciclo, Paulo Portas destacou “um exemplo gráfico, simples, mas significativo”.
“Há um ano atrás se a Economist fizesse aqui uma conferência, por cada uma empresa que nascia, desapareciam duas, hoje por cada uma que desaparece estão a nascer duas”, afirmou.
Paulo Portas frisou que a situação vivida pelos portugueses nos últimos três anos “é única e foi muito dolorosa“, pelo que “não é experiência que se deseja repetir”.
“Os portugueses merecem um final positivo, é importante que haja um caso bem sucedido no sul da Europa”, disse.
O governante considera que ainda “é cedo” para se avançar a forma de saída de Portugal do programa de assistência financeira e deu como exemplo o caso da Irlanda que só anunciou em Novembro o modelo de saída do seu programa, que terminava em Dezembro.
“O fim do programa de Portugal é em Maio. Estamos a tempo de anunciar a decisão no tempo certo”, afirmou, apelando a “um pouco mais de paciência e um pouco mais de prudência“.
Paulo Portas disse ainda que numa trajectória “muito difícil de ajustamento, foi muito importante o espírito de compromisso social” e frisou que “o sentido de compromisso prevaleceu sempre acima do radicalismo”.
O governante centrou-se ainda na questão da atracção do investimento e avisou que este é o momento de olhar para Portugal.
“Portugal terminará o ano de forma positiva e um dos desafios principais chama-se investimento. O investimento é que solidifica o crescimento e diminui a fractura social do desemprego”, afirmou.
O vice-primeiro-ministro considerou que era difícil convencer os investidores a arriscar num país com um pedido de ajuda externa, mas destacou que agora com os atuais indicadores de confiança e de crescimento é possível fazê-lo e falou das características únicas do país.
Por outro lado, salientou a reforma do IRC e “o acordo estável” atingido com o principal partido da oposição e parceiros sociais no sentido de que a taxa vá baixando nos próximos anos. Portas antecipou ainda que “Portugal terá uma das melhores taxas da Europa para atrair investimento”.
Dirigindo-se à moderadora da revista The Economist, Paulo Portas concluiu: “Vieram a Portugal no momento certo. Não vão arrepender-se”.
/Lusa
É bom que se saiba então que responsabilidade financeira também não significa austeritarismo. Significa sobretudo investimento com critério, rigor no uso dos dinheiros públicos, sobriedade das instituições financeiras, justa redistribuição da riqueza produzida, em suma uma economia saudável, que reduza ao máximo os desperdícios, que consiga remunerar muito satisfatoriamente o trabalho, respeitando os seus direitos e redistribuir a riqueza de forma equitativa. Que a dita “responsabilidade financeira” não se traduza em roubar aos pobres e remediados para dar aos poucos ricos.