A crise pandémica veio “trocar as voltas” ao eventual fim do corte de 5% nos salários dos políticos. O PSD já não vê “sentido nenhum” na medida, os partidos da esquerda mantêm a posição de que não é uma prioridade.
Há um ano, em entrevista ao jornal Público, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, defendeu que, nesta legislatura, se devia começar a reverter o corte nos vencimentos dos políticos, aplicado desde 2010. Esta foi uma ideia bem recebida tanto pelo primeiro-ministro, António Costa, como pelo líder do PSD, Rui Rio.
“Tenho confiança de que ao longo da próxima legislatura esse último corte irá desaparecer. Acho que é importante para devolver a normalidade ao quadro remuneratório também dos políticos”, dizia o chefe do Executivo, numa entrevista ao Expresso, no ano passado.
Um dia depois, Rio partilhou a mesma opinião. “Entendo que, uma vez que já acabaram com os cortes todos, só falta um, então deve-se acabar mesmo com os cortes todos. Pode ser muito impopular, mas é a minha convicção”.
Mas, agora, a crise provocada pela pandemia de covid-19 veio “trocar as voltas”. Em declarações ao mesmo jornal, fonte oficial do PSD diz que, neste momento, o fim do corte de 5% nos salários “não faz sentido nenhum”.
“Se não houve coragem para eliminar o corte especial sobre os vencimentos dos cargos políticos quando todos os demais cortes foram revertidos, agora, perante a situação que o país vive, não faz sentido nenhum fazê-lo”, afirma ao diário.
No caso do PCP e do Bloco de Esquerda, os partidos mantêm a posição de que este tema não é uma prioridade e o foco deve estar, sim, no aumento geral dos salários para todos os trabalhadores.
Em janeiro deste ano, recorda o jornal, o PAN também se mostrou favorável ao fim destes cortes, numa entrevista ao Jornal de Negócios, mas só depois das “restantes reposições da Administração Pública”.