O partido do primeiro-ministro húngaro abandonou o Partido Popular Europeu (PPE, direita), foi anunciado, esta quinta-feira, duas semanas após a sua retirada do grupo do PPE no Parlamento Europeu e vários anos de divergências.
“Chegou o momento de dizer adeus”, escreveu Katalin Novak, secretária de Estado para a Família, num tweet acompanhado por uma carta de desfiliação assinada pelo secretário internacional da União Cívica Húngara (Fidesz, direita conservadora e nacionalista).
“Notifico a presidência do Partido Popular Europeu que o Fidesz – União Cívica Húngara já não pretende manter a sua adesão ao PPE, por isso abandona-o de acordo com o artigo 9 dos estatutos”, lê-se na missiva.
O partido húngaro consuma desta forma a rutura definitiva com a maior família política da União Europeia (UE), que aglutina as formações de direita.
Uma parte dos seus membros defendia há muito a exclusão do Fidesz, devido às tomadas de posição anti-Bruxelas do seu líder e às medidas consideradas atentatórias aos direitos fundamentais.
Também no Twitter, Donald Tusk, presidente do PPE, reagiu a esta saída: “O Fidesz deixou a democracia cristã. Na verdade, já o tinha feito há muitos anos“, escreveu.
No início de março, a formação de Viktor Orbán já se tinha retirado do grupo PPE no Parlamento Europeu, ao denunciar a aprovação de uma reforma dos estatutos.
A modificação destas regras internas destina-se a permitir a suspensão, ou mesmo exclusão, de um grupo no seu conjunto, e não apenas de deputados de forma individual.
O PPE tem previsto reunir-se em breve para decidir a exclusão do Fidesz exigida pelo presidente Tusk e por 13 partidos membros, reunidos em torno de um núcleo duro representado pelos países do Benelux (Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo) e os países escandinavos. As anteriores tentativas tinham-se deparado com a recusa dos cristãos-democratas (CDU), da chanceler alemã Angela Merkel.
O Fidesz, que já estava suspenso por tempo indeterminado desde março de 2019, antecipou-se à decisão final e optou por anunciar a sua deserção.
O primeiro-ministro soberanista húngaro pretende agora refundar “com os polacos” a direita europeia em torno dos seus valores, e ainda com o dirigente nacionalista italiano Matteo Salvini.
“É necessária a existência de uma família política para pessoas como nós que protegem a família, defendem a sua pátria, e pensam mais em termos de cooperação entre Estados-nação que em termos de império europeu”, declarou recentemente Orbán.
O primeiro-ministro magiar apelou à “construção sem o PPE de uma alternativa para os cidadãos europeus que não querem migrantes nem multiculturalismo, que não caíram na loucura LGBTQ, que defendem as tradições cristãs da Europa”.
ZAP // Lusa