O perigo de Fernando Araújo ter enganado os portugueses, segundo (outro) António Costa

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João Relvas / LUSA

Fernando Araújo

Antigo director do SNS anunciou que não vai ser deputado. “É absolutamente incompreensível” e “só iria para a política se fosse ministro”.

Fernando Araújo foi eleito deputado pelo PS, no círculo eleitoral do Porto, nas eleições legislativas do domingo passado.

No entanto, menos de uma semana depois, o antigo director do Serviço Nacional de Saúde (SNS) anunciou que afinal não vai ser deputado. Vai continuar a ser médico e professor universitário.

Tomou essa decisão “após uma reflexão cuidada e uma ponderação pessoal” e porque acha que essa é “a melhor forma de continuar a defender o SNS“, justificou, na sexta-feira passada.

É uma decisão “absolutamente incompreensível”, reage António Costa, editor-chefe do ECO.

“Apresentou-se em eleições, pediu votos e, na semana depois dos resultados, anuncia que afinal quer regressar ao SNS. Obviamente estava a enganar os eleitores, sobretudo os eleitores que votaram no PS por causa de Fernando Araújo”, analisou, na rádio Observador.

António Costa acha que esta situação “é grave”, tendo em conta as responsabilidades de Fernando Araújo, “até sociais”.

O antigo director do SNS era uma “carta muito forte” no PS/Porto, comparado até com a importância de Mário Centeno nas listas de António Costa.

Mas, afinal, vê-se que Fernando Araújo “não estava a ser candidato a deputado – estava a ser candidato a ministro (da Saúde)”. Mas, como o PS não ganhou as eleições, Fernando Araújo não será ministro.

E António Costa alerta para o perigo desta decisão de Fernando Araújo: “Ao enganar os eleitores, dá mais um trunfo a partido populistas, como o Chega, que dizem que eles são todos iguais e que na verdade andam atrás do tacho“.

Isto vindo de uma personalidade que “não precisava disto, não precisava de ser candidato a deputado para ser ministro” – além de ser um “epílogo trágico da campanha eleitoral do PS”.

José Manuel Fernandes diz, na mesma rádio, que este “génio da gestão” mostrou que “aparentemente, os eleitores contam pouco“.

Numa legislatura em que a saúde vai continuar a ser assunto na política, como deputado, Fernando Araújo “poderia ter um papel importante”, num cenário de Governo minoritário. Mas, segundo o comentador, também fica a ideia de que Fernando Araújo só entraria na política “só se fosse ministro”.

Além disso, alerta José Manuel Fernandes, esta recusa é um “sinal negativo para a forma como se instrumentaliza a política – que precisa de figuras que não sejam políticos profissionais. Fernando Araújo poderia ser uma delas, se não se tivesse comportado desta forma”.

É um “sintoma negativo do ambiente político geral”, conclui.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

10 Comments

  1. É pena este senhor que tanto criticou a ministra da saúde não querer ir para a oposição. o PS aburguesou-se e só querem poder. Quando o barco afunda os ratos são os primeiros a sair.

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    • O PS desde a geringonça não passa de um saco de gatos. As grandes referências do partido desapareceram. Agora é só canalhada, armados em políticos mas que no fundo bem espremidos pouco ou nenhum sumo têm. Veja-se o rapazola que estava à frente do partido e que depois da valente tareia eleitoral que levou, mais uma vez se põs em fuga.

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  2. E do PS se esperava outra coisa? Já há muito tempo que PS é sinónimo de trafulhice, roubo, corrupção, mentira e fraude. Eu não sei como é que ainda existem pessoas que aceitam um partido como este. Mas, numa nota positiva, tenho para comigo que o fim permanente do PS não tardará, está já ali ao virar da esquina, espero que seja uma esquina pequenina e que esse partido infestado de aproveitadores, enganadores e vigaristas desapareça logo de uma vez por todas!

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  3. Este médico não passa de um oportunista. O PS foi esmagado e ele logo bate em retirada. Nem deputado quer ser. Já no tempo do Costa criou uma coisa chamada ULS para se tornar , quase automaticamente, diretor executivo do SNS.

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  4. Fernando Araújo mostrou que, no fundo, não tem estatura para a política. Não pela recusa do cargo, mas pela forma leviana como tratou a confiança pública. Quem brinca com o voto alheio não merece respeito – merece desprezo.
    E os eleitores que nele votaram? Esses, ficam com a lição: nem todos os que pedem o seu voto merecem recebê-lo. Este sujeito foi um homem pequeno perante o povo.

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  5. Covardia ou Cálculo Político? Seja o que for, é uma vergonha.
    Fernando Araújo entrou nas listas do PS, pediu votos… e agora recua. Dois cenários possíveis — ambos graves:
    Incompetência: Se não queria o cargo, nunca se deveria ter candidatado. Golpe eleitoral: Se nunca quis assumir, usou a sua imagem para enganar os eleitores. Em qualquer dos casos, é uma traição.
    E o PS sabia ao que ia, não pode lavar as mãos. Ou não avaliou bem o risco, ou usou Araújo como chamariz para ganhar votos. Ambas as hipóteses são inaceitáveis. Isto é mais um caso de ataque à democracia. O PS tem de assumir responsabilidades e a lei eleitoral tem de mudar para travar estes abusos. Se começamos a aceitar que candidatos possam desistir logo após as eleições, sem consequências, então tem de começar a questionar-se qual o valor do voto.

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  6. Este Fernando Araújo é um bluff.
    Esteve um ano à frente da direção do Serviço Nacional de Saúde e nem sequer conseguiu elaborar em tempo útil os estatutos dessa direção. Quando viu o aperto em que estava metido pediu a demissão e armou-se em vítima.
    Talvez seja melhor como médico, mas não merece o crédito que alguns lhe querem dar.
    Que dizem os socialistas?

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