Mais um duro revés para o FC Porto na defesa do título de campeão nacional. Na noite deste sábado, os “dragões” empataram a dois golos na recepção ao Boavista, num dérbi portuense relativo à 19ª jornada da Liga NOS.
As “panteras”, após uma primeira parte imaculada, ganharam uma vantagem de golos graças à eficácia de Porozo e Elis.
Porém, numa etapa final de sentido único, os anfitriões conseguiram chegar ao empate e estiveram próximos de fazer “xeque-mate” em dois momentos, primeiro Sérgio Oliveira desperdiçou uma grande penalidade e, pouco depois, Evanilson ainda fez a festa, mas a jogada foi anulada por mão (VAR).
Este foi o terceiro jogo consecutivo na Liga em que o porto não conseguiu vencer. Com mais este desperdício, a equipa de Sérgio Conceição poderá ficar a dez pontos do líder Sporting. Por seu turno, os “axadrezados” somaram um importante ponto, mas continuam em zona perigosa na classificação.
O jogo explicado em números
- Muitas alterações no “onze” desenhado por Sérgio Conceição, sendo as principais os jovens Diogo Leite, Fábio Vieira (que já tinha sido lançado ante o Braga) e João Mário. Nos “axadrezados”, realce para o regresso, após lesão, de Angel Gomes e para a aposta num esquema com três centrais.
- Marchesín foi gigante logo aos dois minutos e travou um remate acrobático de Elis que levava selo de golo. Três minutos volvidos, Marega falhou o alvo por poucos centímetros, algo que não ocorreu na área contrária.
- Ao minuto oito, na sequência de um canto, Jackson Porozo saltou sem oposição e de cabeça inaugurou o marcador num início de dérbi frenético e repleto de emoção.
- Léo Jardim esticou-se e evitou o empate na sequência de um tiro de Sérgio Oliveira. À passagem do minuto 20 os números diziam que ambas as equipas tinham dois remates cada, sendo que apenas um não foi enquadrado ao alvo, os “azuis-e-brancos” goleavam no que se referia à posse de bola – 79% -, mas sentiam imensas dificuldades em ultrapassar o 5x3x2 bem mecanizado dos forasteiros.
- Em mais um contragolpe venenoso, Elis desperdiçou nova ocasião de golo flagrante, num lance em que Marchesín voltou a ser o salvador dos campeões nacionais. O Boavista, que já tinha mais remates do que o rival, realizou três tentativas, duas foram flagrantes e a outra acabou no fundo da baliza.
- Neste período, Reggie Cannon, com um rating de 6.7, era o melhor em campo. O lateral-direito defendia com segurança e atacava com critério, além disso amealhava duas ocasiões flagrantes criadas, dois passes para finalização, dois cruzamentos, apenas um passe desperdiçado em sete tentados, 17 acções com a bola e duas intercepções. Sérgio Oliveira, com 6.2, era o “dragão” em destaque.
- O lance que terminou no segundo golo dos boavisteiros merece ser visto e revisto. Nuno Santos tirou vários adversários da frente, variou o flanco para o corredor esquerdo onde estava Ricardo Mangas que, após combinação com Angel Gomes, entrou na área, temporizou e no momento certo descobriu Elis, que só teve o trabalho de carimbar o 0-2 já em período de descontos.
- Exibição personalizada, que conjugou ordem a defender e audácia a atacar. Foram assim os primeiros 46 minutos do Boavista no palco do Dragão.
- Com a lição bem estudada, os alunos do professor Jesualdo Ferreira anularam as principais armas do FC Porto e foram para o desconto com uma almofada de relativa segurança de dois golos, e não tivessem sido duas intervenções de Marchesín o cenário poderia ser ainda mais negros para os detentores do ceptro de campeão nacional.
- Com um GoalPoint Rating de 6.7, Reggie Cannon era o MVP graças a três passes progressivos correctos, dois passes para finalização, dois cruzamentos eficazes, três recuperações da posse e duas intercepções. Porozo, o autor do primeiro golo, surgia logo atrás entre os elementos com melhor avaliação.
- Ao descanso, os três campeões da Youth League – Diogo Leite, Fábio Vieira e João Mário – ficaram no balneário e foram “trocados” por Zaidu, Grujic e Otávio, brasileiro que ameaçou o 1-2 aos 51 minutos, mas o remate foi desviado por um defensor de xadrez.
- Três minutos volvidos, Taremi encurtou distâncias, num remate que ainda desviou em Porozo. O iraniano marca há três partidas de rajada. Em apenas nove minutos, os “dragões” já tinha mais remates (seis) do que aqueles que fizeram na primeira metade (três).
- O Boavista esteve menos afoito em termos ofensivos na etapa complementar – nenhum remate realizado face aos sete dos “dragões” -, mas na primeira vez em que surgiu nas imediações da área portista quase ampliava a vantagem. Aos 70 minutos, Angel Gomes centrou e valeu o corte na “hora H” de Pepe, a impedir a festa “preta-e.branca”. Aos 73, já sem Marega em cena – foi substituído por Evanilson -, em mais um contra-ataque bem desenhado, foi a vez de Marchesín sair da baliza e tirar a bola dos pés de Angel na sequência de um centro de Show.
- A 14 minutos dos 90, o jovem Francisco Conceição, que tem brilhado a grande nível na equipa B com quatro golos e três assistências em 18 jornadas, estreou-se na Liga NOS substituindo Manafá. Instantes depois, Sérgio Oliveira lançou uma “bomba” que obrigou Léo Jardim a uma defesa atenta. Dos dez remates “azuis-e-brancos” em toda a partida, este foi apenas o terceiro que saiu enquadrado ao alvo.
- Aos 81 minutos, o árbitro Manuel Mota assinalou falta de Devenish sobre Evanilson. Na conversão da grande penalidade, Sérgio Oliveira não vacilou, empatou o duelo e chegou aos nove tiros certeiros no campeonato.
- Aos 86 foi assinalada falta de Porozo sobre Francisco Conceição na área, porém, desta feita Sérgio Oliveira viu os ferros “defenderem” o remate que fez da marca de grande penalidade. Na continuação do lance, Evanilson atirou às malhas laterais.
- A equipa da casa ainda chegou a festejar o 3-2, mas o lance acabou por ser anulado. Com a ajuda do VAR, o juiz Manuel Mota considerou que a bola encontrou a mão de Evanilson quando este desferiu um remate para a baliza “axadrezada”.
- Duelo louco este entre os rivais da Invicta. O FC Porto, que somava 13 vitórias consecutivas frente ao Boavista, poderá começar a ter a revalidação do título ainda mais difícil, caso o Sporting vença na próxima segunda-feira o Paços de Ferreira. Os comandados de Sérgio Conceição chegaram ao quarto empate consecutivo em todas as provas.
- A formação equipa do Bessa, que não tinha marcado qualquer golo ao rival nos oito últimos jogos realizados entre as duas equipas, ainda esteve em vantagem, mas não conseguiu vencer no Dragão, algo que não alcança desde a época 2006/07.
O melhor em campo GoalPoint
“Well done”, Reggie Cannon. Enquanto teve pernas e pulmões, o norte-americano encheu o relvado do Estádio do Dragão com atrevimento e muito talento, tanto nas investidas ofensivas, como nas defensivas.
O lateral-direito é um craque e promete ser fonte de muito milhões para os cofres “axadrezados” a breve trecho.
O MVP desta partida empolgante foi o criador de duas ocasiões flagrantes, em dois passes para finalização – Expected Assists (xA) de 0,8 -, dois cruzamentos eficazes em três feitos, cinco passes progressivos certos, 46 acções com a bola, duas das quais na área contrária, seis recuperações da posse, cinco intercepções e três alívios. Por tudo isto, foi contemplado com um GoalPoint Rating de 7.4.
Jogadores em foco
- Sérgio Oliveira 7.3 – Mesmo na primeira parte, em que a equipa não esteve com o ritmo afinado, foi dos poucos elementos a tentar inverter o cenário. Na segunda parte, surgiu mais vezes nas zonas de perigo. Conseguiu empatar e da mesma marca dos 11 metros não conseguiu decretar o 3-2. Dos seus dados, de realçar quatro remates (três enquadrados), três faltas sofridas e três dribles eficazes em outros tantos tentados.
- Porozo 7.2 – Abriu a contagem no único remate que fez, venceu todos os três duelos aéreos defensivos em que interveio, bloqueou três remates (máximo no jogo) e realizou cinco alívios.
- Ricardo Mangas 6.7 – A forma como ofereceu o 0-2 a Elis foi o ponto mais alto numa exibição consistente do ala esquerdo, que foi seguro a defender – três duelos aéreos ofensivos ganhos, quatro desarmes e três intercepções.
- Taremi 6.3 – Três remates, um golo, quatro passes valiosos e sete acções com a bola na área contrária (máximo na partida). Mais uma exibição de óptimo nível do iraniano, que já é um indiscutível na equipa.
- Otávio 6.2 – Com o brasileiro em campo, o perfume dos “dragões” é outro, e se havia dúvidas ficaram neste dérbi dissipadas em apenas 45 minutos. Deu outro critério às acções da equipa e destacou-se com seis passes valiosos e seis faltas sofridas.
- Francisco Conceição 6.1 – Só 18 minutos, mas que aguçaram o apetite. O jovem virtuoso tem brilhado na equipa B e na noite deste sábado adicionou laivos de criatividade aos ataques da equipa portista. Nesse período realizou um remate, gizou dois passes valiosos, teve 14 acções com a bola e sofreu uma grande penalidade.
Resumo
// GoalPoint