O FBI confirmou que o infame código utilizado pelo Assassino do Zodíaco há mais de 50 anos foi, finalmente, decifrado.
No final da década de 1960, um assassino em série conhecido como “Zodiac” foi responsável por, pelo menos, cinco mortes brutais na Califórnia, nos Estados Unidos. Além disso, o homem enviou mensagens à imprensa escritas em código — e uma delas nunca tinha sido decifrada.
As primeiras cartas foram enviadas para três jornais em Bay Area, cada uma com uma parte diferente da mensagem. Os jornais, ameaçados pelo assassino, publicaram o código e o seu significado foi descoberto uma semana mais tarde, por Donald Gene e Bettye June Harden.
“Gosto de matar pessoas porque é tão divertido que é mais divertido do que matar animais selvagens na floresta porque o homem é o animal mais perigoso de todos. Matar algo dá-me a experiência mais emocionante, é ainda melhor do que ter um orgasmo com uma rapariga. A melhor parte é que quando morrer renascerei no paraíso e todos os que matei tornar-se-ão meus escravos. Não vos darei o meu nome porque vão tentar abrandar ou parar a minha recolha de escravos para a minha vida após a morte ebeorietemethhpiti”, lia-se.
Apesar de esta carta não ter nenhuma pista em específico, mostrava que o assassino era um indivíduo iludido e com dificuldades de ortografia.
No entanto, as mensagens do Zodiac Assassin começaram a ser cada vez mais difíceis de decifrar e uma delas, que continha 340 caracteres, permaneceu sem solução durante 51 anos.
Uma equipa de analistas, composta por David Oranchak, Sam Blake, e Jarl Van Eycke, decidiu tentar decifrar o código e, para isso, recorreu a um software que encontra as muitas direções de leitura possíveis.
Depois de tentar várias opções, escreve a IFL Science, Oranchak descobriu que uma das soluções para a forma como o código poderia ser transposto revelava fragmentos de frases, incluindo “espero que estejam”, “a tentar apanhar-me” e “ou a câmara de gás”.
Isto deu ao grupo de investigadores pistas de que a mensagem não foi transcrita num grande bloco, tal como foi apresentada, mas sim dividida em três pequenos blocos de texto: as primeiras duas secções eram compostas por nove linhas cada e a terceira por duas linhas.
Com a ajuda do programa informático, Oranchak percebeu que a mensagem se começava a ler no primeiro símbolo do canto superior esquerdo e, depois, seguia para a linha seguinte, duas colunas à direita. O código foi então reescrito na ordem correta e substituído por letras.
A letra “C”, por exemplo, estava representada por um simples “9” e a letra “A” por símbolos que não existem em teclados.
“Espero que se estejam a divertir muito a tentar apanhar-me. Não era eu no programa de TV. O que traz ao de cima um ponto importante sobre mim: não tenho medo da câmara de gás porque me enviará para o paraíso ainda mais cedo porque agora tenho escravos suficientes para trabalhar para mim. Onde todos os outros não têm nada quando chegam ao paraíso, por isso têm medo da morte. Eu não tenho medo porque eu sei que a minha nova vida é vida será fácil na morte paradisíaca”, lia-se na mensagem revelada pelo método usado por Oranchak.
“De tudo, o que se destacou foi a frase ‘não era eu no programa de TV’ (…) eu sabia que a mensagem foi recebida a 8 de novembro de 1969, cerca de duas semanas depois de alguém que se auto-denominava Zodiac ter telefonado para um programa de televisão apresentado por Jim Dunbar”, explicou o analista.
Para Oranchak, o facto de o conteúdo se enquadrar no que aconteceu quando a mensagem foi recebida fez com que a solução parecesse ainda mais real. A equipa apresentou então a sua solução ao FBI que, entretanto, já a confirmou.
“O FBI está ciente de que um código atribuído ao Zodiac Killer foi recentemente resolvido por cidadãos“, disse o FBI numa declaração, acrescentando que o caso do Assassino do Zodíaco ainda não foi descoberto e está a ser investigado — ao contrário do que foi noticiado em outubro.
“O Zodiac Killer continua a ser uma investigação em curso para a divisão do FBI em San Francisco (…) Devido à natureza da investigação em curso, e por respeito às vítimas e às suas famílias, não iremos fornecer mais comentários neste momento”, disse a agência norte-americana.
A equipa por detrás da descodificação disse estar desapontada por a mensagem não conter qualquer informação — que tenha sido encontrada até agora — que pudesse ser utilizada para identificar o assassino.
“A parte final [da mensagem] ainda não flui muito bem”, disse Oranchak, “mas talvez alguém consiga descobrir como é suposto lê-la”.
Em junho, um engenheiro francês também pensou ter descoberto a solução.