As taxas de juro aplicadas no crédito em cada Estado-membro da Zona Euro são variadas. Em Portugal, na grande maioria dos empréstimos para a compra de casa o juro cobrado depende de um indexante, como a Euribor.
Dados do Banco Central Europeu (BCE), citados pelo ECO, mostram que 68% dos novos crédito à habitação contratados em Portugal em julho tinham taxa variável ou fixa apenas no primeiro ano. Na Zona Euro, são apenas 17,9%.
Devido a isso, as famílias portuguesas estão entre as mais vulneráveis ao aperto da política monetária pelo BCE para travar a inflação. Portugal é o sétimo país onde a taxa variável tem mais importância, ficando abaixo da Finlândia (97,7%), da Letónia, do Chipre, da Irlanda, da Estónia e de Malta.
No extremo oposto estão a França (3,3%), a Eslováquia (3,7%), a Eslovénia (7,5%), os Países Baixos (13%) ou a Alemanha (13,4%), onde os créditos a taxa fixa são claramente predominantes.
Tendo em conta todos os empréstimos existentes, o último Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal, divulgado em junho, mostrou que o crédito à habitação com juros fixos somava perto de 36 mil milhões de euros, o equivalente a 17,5% do total. Ou seja, 82,5% tem taxa variável.
O peso mais elevado das taxas variáveis significa que a subida dos juros reflete-se de forma mais rápida e direta no encargo que as famílias portuguesas têm com o crédito, penalizando o seu poder de compra, notou o ECO. Quando os juros descem e são muito baixos, como aconteceu durante a década anterior, também beneficiam mais.
A subida da inflação, que atingiu um novo recorde de 9,1% em agosto, levou o BCE a uma inversão da sua política de taxas de juro, primeiro com um aumento de 50 pontos base em julho e depois com um segundo de 75 pontos base em setembro.