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Faltam medicamentos para doenças crónicas nas Farmácias (e ninguém sabe porquê)

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Antonello Srino Redazione Met

Farmácia

Há medicamentos para doenças crónicas que estão, constantemente, em falta nas Farmácias Portuguesas. Uma situação preocupante, sobretudo para os pacientes que deles precisam, e que não tem uma explicação. A Associação Nacional de Farmácias está a estudar o problema.

Leah Pimentel, cujo filho de 34 anos sofre de uma síndrome epiléptica rara, deu o alerta para o problema, com um desabafo no Facebook onde relatou como não conseguia encontrar o medicamento que é essencial para evitar convulsões que podem ser fatais.

“Este país deixou não sei quantos pais/mães com filhos como o meu sem um medicamento. Eu estava atrás de um senhor que veio de Portimão e que levou a última embalagem que havia no Algarve de Castilium 20 mg. Não há mais, acabou em todos os armazenistas e distribuidores, e ninguém sabe se tarda uma semana, um mês ou um ano”, queixa-se esta mãe no desabafo no Facebook.

“Estamos a falar de uma falha a nível nacional. E não há alternativa. Não há genérico. Quem não toma tem convulsões eventualmente fatais, passa pela síndrome de abstinência”, explica Leah Pimentel ao Diário de Notícias (DN). “Se o meu filho morrer, de quem é a culpa?”, pergunta ainda.

Depois do desabafo pelo Facebook, Leah Pimentel conseguiu que uma juíza de Lisboa que viu a sua publicação lhe enviasse uma caixa do medicamento comprada numa farmácia nos arredores de Lisboa e depois, teve a indicação de outra à venda em Viana do Castelo.

A falta de medicamentos arrasta-se a outras doenças crónicas, como explica ao DN a farmacêutica Joana Santos. E não há uma explicação concreta para o problema.

“As farmácias e a indústria farmacêutica uniram-se para identificar as causas da falta de medicamentos, mas esse trabalho ainda está em curso“, explica uma fonte da Associação Nacional de Farmácias (ANF) ao DN.

“Estamos a trabalhar com o Infarmed numa nova metodologia de recolha de dados, ainda sem resultados”, acrescenta a mesma fonte.

No ano passado, a ANF avançou que haveria cerca de 47 milhões de embalagens de medicamentos em falta. No passado mês de Novembro, um estudo apontou que 40% dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde têm diariamente rupturas no fornecimento de medicamentos.

O problema da falta de medicamentos terá começado a verificar-se “quando os empresários portugueses começaram a levar medicamentos em larga quantidade para os países africanos, que depois eram vendidos em blíster e não à embalagem”, refere ao DN uma farmacêutica de Leiria que não quer ser identificada.

Já Joana Santos destaca que o problema pode estar relacionado com o facto de Portugal ser “dos países onde os medicamentos são mais baratos“, o que poderá levar os laboratórios a preferirem vendê-los no estrangeiro.

ZAP //

5 Comments

  1. O problema não é de medicamentos baratos, pois em certos países europeus não se paga medicamentos e nunca falta …o problema aqui é mais grave de desvio de medicamentos para outros países de Africa ou europeus, outro dos problemas é o não pagamento atenpadamente do estado as farmaceuticas …levando que muitas vezes os fornecedores fiquem mais de 90 Dias a espera de pagamento por parte do estado …

  2. Se o Estado fosse tão cumpridor como é exigente á maioria dos contribuintes, provavelmente as farmaceuticas não fariam estes “cortes”. Parece me óbvio e de facil compreensão que as farmaceuticas privilegiem os clientes que pagam as contas a tempo a horas em detrimento dos caloteiros, é assim em todo o lado, e que discordar disto não tem qualquer conhecimento de como funciona o comercio, quer seja a nivel local, regional, nacional e internacional

    • Claro, à indústria farmacêutica interessa mais receber o dinheiro do que a qualidade de vida das pessoas doentes…Dinheiro acima de tudo!… Por isso é que se chama “indústria”.

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