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“Portugal não pode ser outra Itália.” Faltam 350 camas, DGS faz levantamento de equipamentos

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O Serviço Nacional de Saúde já precisava, mesmo antes da epidemia da Covid-19, de um reforço de 50% nos cuidados intensivos.

Mesmo antes do surgimento do novo coronavírus, os hospitais públicos já se encontravam a braços com a falta de capacidade de resposta. Agora, face ao aumento de casos, os médicos portugueses temem o pior.

De acordo com a edição deste sábado do semanário Expresso, os profissionais de saúde alertaram o Governo, há quatro anos, para a necessidade de criar 319 camas e transferir 35 de outros serviços para a medicina intensiva até ao final deste ano.

No entanto, os relatórios nacionais e internacionais alertam que o país continua a ter menos de metade da média europeia.

No documento enviado ao Governo, em 2016, lia-se que as 649 camas de tipo II e III, mais diferenciadas, existentes no SNS não chegavam. Até 2020 teria de ser feito um reforço de 50%, abrindo 354 camas. Em Lisboa, Alentejo e Algarve deveria haver mais 119, no Norte mais 90 e no Centro mais 145.

Contudo, até à data, nada aconteceu.

DGS quer saber quantos ventiladores há

“Estamos a ser confrontados com uma elevada percentagem de casos que necessitaram de ser internados em unidades de cuidados intensivos, cerca de 10% de todos os pacientes cujos testes deram positivo. Queremos transmitir uma mensagem contundente: preparem-se”, escreveram os médicos italianos, numa carta endereçada à Sociedade Europeia de Medicina Intensiva.

Mas estará Portugal preparado para enfrentar um pico de hospitalizações? A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, admitiu recentemente que já foi feito “um apelo quer ao setor privado, quer ao social, quer ao militar para saber a quantidade de equipamentos que têm”.

No entanto, na conferência de imprensa de sexta-feira, assegurou que não chega ter equipamentos: “são precisos profissionais que trabalhem com eles”.

“Estamos, e ainda hoje aconteceu, a fazer um levantamento muito pormenorizado do parque de equipamentos instalados e está a ser ponderada a possibilidade de usar ventiladores dos blocos operatórios que podem ser usados se as cirurgias não urgentes forem adiadas”, adiantou a diretora-geral, citada pelo Público.

Em entrevista à RTP, o pneumologista Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19, informou que existem entre 500 a 600 ventiladores no país, um número inferior do que fariam supor os números divulgados esta semana pelo secretário de Estado da Saúde, António Sales, que revelou que Portugal tem 968 lugares em unidades de cuidados intensivos (dos quais 145 são neonatais e 85 pediátricos) e 593 camas em cuidados intermédios.

No Parlamento, o social-democrata Ricardo Baptista Leite avançou um número de cerca de “1400 camas com ventiladores”, partindo do princípio de que quase todos os doentes em cuidados intensivos e intermédios necessitam de equipamentos deste tipo.

“O nosso rácio de camas em cuidados intensivos por 100 mil habitantes oscila entre oito a nove, inferior ao de Itália, que é de 12”, especificou. “Portugal não pode ser outra Itália.”

ZAP //

4 Comments

  1. País e políticos de brandos costumes, é necessário assaltar a casa para meter trancas na porta.
    Quando do euro 2004 não faltou dinheiro para a construção e remodelação dos estádios de futebol agora, alguns deles que custaram milhões estão ás moscas, com prejuízo de milhões a pagar pelo contribuinte.
    Há anos que os políticos da treta têm vindo a cortar o financiamento para o SNS, agora que é preciso condições para atacar a pandemia põem as mãos na cabeça como os macacos.
    Até ao momento ainda não vi nenhuma notícia esclarecendo que os hospitais privados tenham tido alguma acção de controlo contra esta pandemia, ou estarei errado?

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