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Falta de diálogo, juventude partidária e um “sério desafio” a Costa. As moções que o Bloco leva à convenção

Nuno Fox / Lusa

A XII Convenção Nacional do Bloco, marcada para 22 e 23 de maio, vai contar com uma cinco moções e propostas para o partido – uma da atual direção do partido e quatro de movimentos alternativos.

De acordo com o jornal Público, quase todas as moções se queixam da falta de diálogo com os militantes e com o que as bases “murmuram ou gritam” e pedem mais autonomia para as concelhias.

A moção N e a moção Q defendem também a reposição da limitação dos mandatos, que, nas palavras da moção de Pereira Neto, é necessário para combater o “estalinismo encapotado”.

Em relação a acordos com outros partidos, a moção C considera que, “nos tempos que correm” o PS, enquanto partido democrático e antifascista, não é assim tão mau e pede que não se feche a porta aos acordos com socialistas, mas sem deixar de fazer oposição.

O Bloco “corre o risco de ficar acantonado” numa “cerca sanitária”, considera a moção C.

Por sua vez, a moção N argumenta que é urgente “lançar um sério desafio” a António Costa: “ou aceita um acordo (escrito e assinado) com uma clarificação das linhas vermelhas e com uma aposta decisiva no desenvolvimento; ou haverá crise política”.

“O Bloco não é o garante da estabilidade do poder instalado. Tem de ser a alternativa a ele”, atira outro grupo de militantes.

Já o movimento Convergência, na moção E, considera que a direção do BE não soube confrontar politicamente o PS antes das eleições legislativas, o que deu aos socialistas a possibilidade de “capitalizar a mensagem da estabilidade”, e falhou no compromisso traçado na última convenção de “ser força de Governo, com uma nova relação de forças”.

Por outro lado, a moção C relembra que o PS não é o maior inimigo, criticando “a ausência de um projeto político coerente” na moção apresentada pelo Movimento Convergência ― uma fação informal do Bloco de Esquerda ― na última convenção e que agora volta a apontar o dedo à direção de Catarina Martins.

“Nesta moção há gente para todos os gostos. Estalinistas, que controlam a tendência Via Esquerda, um ou outro trotskista ‘invertebrado’, ‘metralhas’, sociais-democratas apoiantes de Sampaio da Nóvoa”, exemplificou Américo Campos, representante da moção. “Em suma, refugo de vários projetos políticos fracassados”, atiram os 30 subscritores da moção C, descontentes com a oposição interna dos últimos dois anos.

A moção aponta ainda três “mossas” feitas por este movimento: no Porto, em Portalegre e nas eleições regionais da Madeira.

Os autores admitem “disponibilidade” para dialogar com outras moções e plataformas sob três condições: “mais democracia interna, mais organização e menos tendências”.

A moção C propõe também que se pondere a criação de uma juventude partidária.

Maria Campos, ZAP //

 

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